Eletrobras lucra R$ 13,3 bi em 2018
A Eletrobras encerrou 2018 com um lucro líquido de R$ 13,348 bilhões, revertendo prejuízo líquido de R$ 1,726 bilhão em 2017, o qual foi reapresentado. O resultado vem de lucro líquido de R$ 15,227 bilhões em operações continuadas e prejuízo de R$ 1,879 bilhão em operações descontinuadas, as distribuidoras.
No quarto trimestre, a companhia anotou lucro líquido de R$ 12,073 bilhões, ante prejuízo líquido de R$ 3,998 bilhões no mesmo período do ano anterior. O resultado foi beneficiado por reversão de provisões para contingências no montante de R$ 1,201 bilhão no quarto trimestre de 2018, sendo R$ 563 milhões relativos a provisão para empréstimos compulsórios.
No ano a companhia obteve Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 19,990 bilhões e no critério pro forma R$ 8,456 bilhões. Não foi informado comparativo no demonstrativo financeiro completo, tampouco os dados do quarto trimestre nessa linha.
A receita líquida no ano caiu 15% para R$ 24,976 bilhões no ano, ante R$ 29,441 bilhões em 2017. O resultado financeiro foi uma despesa de R$ 578 milhões, 66% menor que a de R$ 1,736 bilhão em 2017.
Em 2018, o Sistema Eletrobras realizou R$ 4,6 bilhões em investimentos, ou 74,1% do orçamento programado para o ano. Este valor se divide em R$ 3,34 bilhões corporativos e R$ 1,26 bilhões em Parcerias, sendo que Geração respondeu por R$ 1,02 bilhão, Transmissão por R$ 1,35 bilhão, Distribuição R$ 530 milhões, e outros (Pesquisa, Infraestrutura e Qualidade Ambiental) R$ 420 milhões. Ante 2017, cresceu 9,4% o total do investimento corporativo e caíram 41,6% nas parcerias.
Lucro contábil
Apesar do lucro recorde de R$ 13 bilhões em 2018, a Eletrobras não tem condição de investir na expansão do sistema elétrico brasileiro, explicou o presidente da estatal, Wilson Ferreira, porque boa parte do lucro se refere a registros contábeis, como revisão de provisões.
Segundo ele, é possível que a capitalização ocorra ainda este ano, como quer o governo. “O lucro em grande medida são reversões de provisões internas, coisas que foram baixadas no passado fruto da evolução dos projetos, como por exemplo a CGTE, não havia perspectiva de ela voltar a operar, hoje ela tem. O caso de Angra 3, foi interrompida em 2015, mas na hora que toma a decisão de retomada você tem condições de recuperar o dinheiro que você colocou (R$ 12 bilhões)”, explicou o executivo.
Ele prevê que em junho já deverá estar pronta a modelagem da capitalização e se disse otimista com a previsão do governo de capitalizar a empresa ainda este ano, apesar de ter declarado recentemente que previa a diluição da participação do governo em bolsa de valores apenas em 2020. Para ele, a renovação do Congresso nas últimas eleições “trouxe gente nova, ansiosa por renovação”, e é possível que a capitalização ocorra em 2019.
“Acho que sim (capitaliza este ano). Estamos falando de algo que beneficia a população, estou sempre otimista em relação ao tempo do Congresso”, disse, admitindo que por causa da votação da Previdência, “em um primeiro momento pode demorar”, mas que confia que no segundo semestre as coisas estarão mais resolvidas
Linhas de transmissão
As privatizações da Eletrobras em 2018 reduziram o segmento de Transmissão da empresa em 616 quilômetros, disse nesta quinta-feira, 28, o presidente da empresa, Wilson Ferreira, em teleconferência com analistas para comentar o balanço do ano passado. Por outro lado, novos empreendimentos acrescentaram 1 667 megawatts na área de geração.
Em pleno processo de reestruturação para ter seu capital diluído no mercado, a estatal pretende reduzir entre 2018 e 2019 o quadro de empregados em 6.638 pessoas, sendo que mais de 4 mil já deixaram a empresa no ano passado, incluindo os empregados das empresas privatizadas.
“O resultado reflete a reestruturação da empresa e privatizações”, disse Ferreira a analistas na apresentação do balanço, que trouxe o maior lucro da empresa nos últimos 20 anos, de R$ 13,4 bilhões.
Compulsório
A gestão da Eletrobras não acredita que, “ao final, não deve prosperar o julgamento” no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que analisa a possibilidade de a estatal dividir com a União a conta gerada por empréstimo compulsório sobre consumo de energia elétrica, disse o superintendente Jurídico da elétrica, Mauricio Mazzini. No momento, o julgamento está suspenso, por pedido de vista.
Mazzini comentou que, embora no momento os votos dados dão um resultado desfavorável à tese da Eletrobras, o executivo considera que é possível uma reversão. Ele destacou que a decisão parcial vai de encontro a um recurso repetitivo de 2009, já decidido. “(o placar do julgamento) não poderia prosperar por ofensa a recurso repetitivo… Esse recurso não tem efeito repetitivo”, afirmou.
O superintendente acrescentou que a companhia também vai trabalhar para buscar reverter os votos dados oralmente no julgamento. Na sua avaliação, alguns dos ministros podem ter sido levados a acompanhar o voto contrário à tese da Eletrobras pelo debate oral, “sem ter tido chance de aprofundar o tema”.
Histórico
A análise do caso foi iniciada em junho do ano passado, quando o relator, ministro Mauro Campbell, se posicionou contra o recurso da Eletrobras. Nesta quarta-feira, 13, ele foi acompanhado pela ministra Assusete Magalhães. O voto divergente foi proferido pelo ministro Napoleão Nunes Maia, que entendeu que a solidariedade no pagamento pela União decorre da própria legislação relativa ao caso.
É o segundo pedido de vista que interrompe o julgamento do processo no STJ. Napoleão foi responsável pela suspensão da análise no ano passado, depois do voto do relator. Desta vez, o pedido de vista foi feito pelo ministro Sérgio Kukina.
Ao final de 2018, a Eletrobras mantinha provisionados R$ 17,942 bilhões para cobrir as perdas relativas aos pagamentos deste empréstimo compulsório. O montante é superior aos R$ 16,59 bilhões anotados do ano passado.