Guedes: Petrobras é livre para decidir preços
Depois da forte reação do mercado à suspensão do reajuste do diesel a pedido do presidente Jair Bolsonaro, ministros se esforçaram para transmitir a imagem de que a Petrobras é livre para decidir sua política de preços. Apesar disso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que a política não é suficientemente transparente e que mudanças estão em estudo.
“Saímos convencidos de que presidente da Petrobras sabe que tem que trabalhar práticas de preços. Ele tem o encargo de tornar a política cada vez mais transparente”, afirmou.
Guedes reforçou que não haverá interferência política na estatal e disse que a dimensão econômica que tem que ser considerada até mesmo para não atrapalhar os futuros leilões de petróleo que serão feitos e terão a participação da empresa. “Temos R$ 1 trilhão para sair do pré-sal, se manipular preço, todo processo é afetado”, completou.
Guedes disse que não quer repetir o “fenômeno Dilma Rousseff”, numa referência à ex-presidente ter segurado preços de petróleo, nem “muito menos o fenômeno Venezuela”. “Não queremos de forma alguma ser governo que manipula política de preços, como no passado.”
Ele admitiu que a ação de Bolsonaro dá margem de interpretação de que houve uma intervenção, mas disse que é natural que peça explicações.
O ministro afirmou que o presidente saiu convencido da reunião e que mostrou a ele que houve, no passado, períodos em que a Petrobras cobrava valores muito acima ou muito abaixo dos internacionais. “Dissemos a presidente que queremos ir para as melhores práticas internacionais”, completou.
Reunião com Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro afirmou durante reunião nesta terça-feira, 16 de abril, com ministros e o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, que não “quer” e não “tem direito de intervir na Petrobras”, de acordo com o porta-voz do Planalto, Otávio Rêgo Barros. Ele falou com jornalistas após a coletiva de imprensa concedida pelos ministros da Economia, Paulo Guedes, e de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
“Frase que nosso presidente disse logo no início da reunião: eu não quero e não tenho direito de intervir na Petrobras, eu não quero e não posso intervir na Petrobras. Eu não quero por questões de conceito, eu não posso por questões legais e até mesmo políticas”, relatou Barros no início da conversa com jornalistas no Planalto.
Segundo o porta-voz, deve ser percebida a “clara intenção” de “absolutamente não praticar ação que possa demonstrar qualquer interferência direta na política desencadeada pela Petrobras”. Barros também disse que Bolsonaro está “perfeitamente convencido da maneira que a Petrobras lida” com a política de preços. “A Petrobras tem total liberdade para decidir o quanto e quando aplicar reajuste, e até não aplicar”, disse, quando questionado sobre a decisão em torno de um eventual novo reajuste no diesel.
A reunião que aconteceu mais cedo no Planalto, de acordo com Albuquerque, serviu para prestar esclarecimentos a Bolsonaro sobre a política de preços da estatal. O encontro ocorreu após a repercussão do recuo da Petrobras em reajustar em 5,7% o preço do óleo diesel na última sexta-feira, após uma ligação de Bolsonaro ao presidente da estatal. De acordo com Barros, o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Décio Oddone, fez uma exposição durante a reunião para explicar os mecanismos da precificação.