Presidente da Petrobras nega intervenção
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou nesta segunda-feira, 15 de abril, que a Petrobras é “livre” e “tem vida própria”. Ele negou intervencionismo do presidente da República, Jair Bolsonaro, na decisão de recuar no reajuste do preço do óleo diesel. “A decisão foi tomada pela Petrobras, ninguém ordenou a Petrobras que reajustasse. O presidente alertou para os riscos”, disse Castello Branco após sair de reunião interministerial que ocorreu no Palácio do Planalto.
Segundo ele, irão “decidir o quanto vai ser reajustado ou não”, frisando que essa é uma decisão empresarial, “diferente do governo, que é de políticas públicas”. A fala de Castello Branco se dá em um contexto em que o próprio presidente Jair Bolsonaro admitiu ter ligado ao presidente da estatal para falar do reajuste de 5,7% que seria feito no preço do óleo diesel na última sexta-feira (12), e que acabou não ocorrendo. Depois do episódio, a Petrobras perdeu R$ 32 bilhões em valor de mercado.
O presidente da petrolífera se recusou a responder se a empresa avalia estender o tempo de reajuste do combustível às refinarias. Atualmente, o valor do diesel é modificado a cada 15 dias, no mínimo, embora caminhoneiros pleiteiem um prazo mais alongado. A periodicidade foi decidida em março e comunicada ao mercado pela companhia. Antes, os prazos de reajuste do preço eram menores. “Essa é uma decisão operacional”, afirmou Castello Branco.
O presidente negou que o reajuste de preços tenha sido discutido na reunião no Planalto. Quando perguntado novamente, afirmou que “não tem nenhuma decisão” sobre o valor do diesel. “Uma coisa é a Petrobras, outra é o governo. O governo quer abordar a questão dos caminhoneiros”, completou o presidente da estatal.
Quando perguntado se reajuste vai voltar a ser reativado, respondeu que não fez “nenhuma afirmação nesse sentido”. “Seja paciente que você terá a resposta. Medidas vão ser tomadas pelo governo. O que a Petrobras vai fazer… nós temos tempo”, disse quando perguntado sobre o que se pode esperar para os próximos dias. Castello Branco disse ainda que o cartão caminhoneiro da BR Distribuidora está em desenvolvimento e deverá ser lançado entre o fim de junho e início de julho.
Joice: sem política intervencionista
A líder do governo no Congresso Nacional, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), admitiu preocupação com o risco uma nova greve de caminhoneiros no País e pregou que o Palácio do Planalto não recuse o diálogo com a categoria, ou estará “perdido”. Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro agiu pessoalmente parar barrar um aumento no preço do combustível pela Petrobras, o que derrubou o valor de mercado da petrolífera em R$ 32 bilhões. Apesar disso, a congressista nega que o governo vá implementar uma política intervencionista na estatal
“Não haverá política intervencionista nesse governo”, afirmou Joice, ao chegar no Palácio do Planalto para reunião na Casa Civil. “Risco de tudo sempre há neste País. Não é bom para ninguém uma greve dos caminhoneiros. Todos saem no prejuízo, inclusive a categoria dos caminhoneiros. As últimas manifestações foram bastante duras para a própria categoria. Tudo se resolve no diálogo. A grande maioria dos caminhoneiros está com o governo. Se a gente tensionar de uma forma a excluir o diálogo… Aí estamos perdidos.”
A deputada afirmou ser “totalmente liberal” e defendeu a livre regulação dos preços no mercado internacional, mas evitou criticar a decisão de Bolsonaro. Ela disse que o presidente manifestou preocupação com o tamanho do reajuste frente à inflação e outros indicadores econômicos. Segundo ela, Bolsonaro deseja saber se o aumento era justo e fazer ajustes. “Ele está tentando apertar um pouquinho um ou outro parafuso que está meio frouxo nessa questão dos combustíveis.”
Joice creditou a decisão exlusivamente ao presidente, que se reúne neste momento com os ministros Bento Albuquerque, de Minas e Energia, Tarcísio Freitas, da Infraestrutura, Paulo Guedes, da Economia, Santos Cruz, de Governo, Floriano Peixoto, da Secretaria-Geral, além de Joaquim Levy, presidente do BNDES, e de Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras.
“O presidente está tratando com cuidado e sabe o que faz. Sou absolutamente liberal, acho que o mercado tem que dar conta de si mesmo. Agora, o presidente é absolutamente responsável pelas decisões que tomou. Se ele tomou tal decisão, ele sabe o que está fazendo. Não cabe à líder do governo questionar uma decisão do presidente da República”, afirmou Joice.