IPO conclui reestruturação da Neoenergia
A saída do Banco do Brasil do controle da Neoenergia, viabilizada pela oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), é um passo na evolução natural da companhia e não vai resultar em mudança da estratégia de crescimento da empresa, disse o diretor-presidente da companhia, Mario Ruiz-Tagle.
“A estratégia não vai mudar, a estratégia tem sido crescer organicamente em distribuição, continuar fazendo investimentos em energias renováveis e aproveitar todas as oportunidades que o Brasil apresenta para continuar apoiando o desenvolvimento da infraestrutura energética do Pais”, afirmou o executivo a jornalistas, após participar de cerimônia que marcou o início das negociações da ação da companhia na B3.
Ele salientou que o IPO foi a conclusão do processo de reestruturação da companhia, iniciado em 2017, quando foi feita a incorporação entre a holding Neoenergia e a Elektro, permitindo a “tomada do controle da Iberdrola”. A operação também já vislumbrava a abertura de capital da empresa, de maneira a permitir que o Banco do Brasil deixasse a empresa e que a Previ tivesse uma “janela de liquidez”. “O Banco do Brasil é um banco de investimento, um banco que não tem no core business continuar 22 anos num investimento”, acrescentou.
Ruiz-Tagle também salientou que a abertura de capital favorecerá a comunicação com o mercado, permitindo explicar melhor os movimentos executados. A Neoenergia foi criticada nos últimos anos por sua estratégia de participação em leilões de transmissão, com a aquisição de projetos com lances questionados pelo mercado, e também pela disputa pela distribuidora paulista Eletropaulo, que acabou perdendo para a Enel.
O executivo considerou as críticas “injustas”. “Somos uma companhia disciplinada, formamos parte de um grande grupo que é a Iberdrola e temos disciplina de alocação de capital. Entendemos a crítica do mercado, porque não nos conhece, agora vamos ter abertura comunicacional mais fluida e ter mais espaço para explicar”, disse, salientando que quando os projetos forem entregues vão trazer crescimento com rentabilidade para o grupo.
Maior IPO de energia desde 2004
A oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Neoenergia é a maior abertura de capital do setor energético na bolsa brasileira desde 2004, disse o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, em cerimônia de estreia da empresa. Em 2004 a CPFL abriu o capital.
O IPO da Neoenergia movimentou R$ 3,7 bilhões, com a ação precificada em R$ 16,65, o centro da faixa indicativa.
Finkelsztain comentou, ainda, a forte presença das pessoas físicas entre os compradores de ações na oferta, o que reflete o bom momento vivido do mercado de capitais brasileiro. Neste ano o número de CPFs no Brasil superou um milhão, marca histórica na bolsa. Segundo o presidente da B3, o investidor pessoa física é atraído por investimentos no setor elétrico, dada a sua previsibilidade.