Petrobras vai segurar preços de combustíveis
A Petrobras vai continuar observando o comportamento do preço do petróleo no mercado internacional até decidir se vai revisar os preços dos seus derivados no Brasil. Na prática, significa que o consumidor não será afetado no curto prazo, porque a estatal vai segurar os preços.
A ideia é dar continuidade à política atual, que atrela os valores aos valores praticados no mercado internacional, com repasses à medida que há mudança de patamar de preços.
Para se resguardar de prejuízos financeiros enquanto não repassa altas no mercado externo para o consumidor, a companhia recorre ao artifício financeiro de hedge, no qual oscilações de curto prazo são compensadas.
Especialistas e investidores destacam, porém, da necessidade de a empresa não ser usada para atender às demandas do governo, como aconteceu no passado, quando a empresa foi usada para segurar a inflação. A companhia mantinha os preços dos combustíveis inalterados apesar das oscilações externas, o que gerou um rombo nas suas caixas.
Se o mercado perceber que a mesma prática está sendo adotada pela gestão atual, o seu programa de venda de refinarias será afetado, porque nenhuma empresa terá interesse em fazer parte de um setor comandado por interesses políticos e não econômicos.
Condenação americana
O secretário de Energia dos Estados Unidos, Rick Perry, condenou o que chamou de “ataque do Irã contra o Reino da Arábia Saudita” em discurso feito durante a conferência geral da Agência Internacional de Energia Atômica, em Viena.
Segundo Perry, “esse comportamento é inaceitável” e o Irã deve ser responsabilizado. “Não tenha dúvida, esse foi um ataque deliberado à economia global e ao mercado de energia global”, acrescentou.
No sábado, 14 de setembro, ataques com drones na Arábia Saudita comprometeram cerca de metade da produção de petróleo local. Rebeldes houthis do Iêmen, que são apoiados pelo Irã, assumiram responsabilidade pelo atentado. Teerã, no entanto, nega estar envolvido nos ataques.
Perry também confirmou que o presidente dos EUA, Donald Trump, autorizou a liberação da reserva estratégica de petróleo do país e disse que seu “departamento está pronto” para agir, se necessário.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que “não quer guerra com ninguém”, mas que os americanos estão preparados para isso, se necessário.
Em declarações a jornalistas sobre os ataques à petrolífera Saudi Aramco, que ocorreram no sábado, na Arábia Saudita, o republicano destacou que os bombardeios não mudam sua política contra o Irã. “As sanções não serão retiradas”, disse Trump, que mais cedo já havia sugerido que o país persa poderia estar por trás dos ataques.
O líder da Casa Branca informou que seu secretário de Estado, Mike Pompeo, irá à Arábia Saudita para negociar a ajuda americana ao governo local. “Queremos descobrir quem foi o responsável pelo ataque”, declarou.
Irã é suspeito pelo ataque
Porta-voz militar da Arábia Saudita, o coronel Turki al-Malki afirmou nesta segunda-feira que as evidências iniciais investigadas mostram que armas do Irã foram usadas para o ataque no fim de semana contra instalações militares sauditas. Al-Malki também disse a repórteres que os ataques ocorridos no início do sábado não foram lançados a partir do Iêmen, como reivindicado pelos rebeldes iemenitas aliados do Irã que estão em guerra com a Arábia Saudita.
O porta-voz militar não quis dar detalhes e disse que os resultados da investigação serão tornados públicos quando os trabalhos estiverem concluídos. Os ataques contra a principal usina de processamento de petróleo da estatal Saudi Aramco retiraram 5,7 milhões de barris da produção diária de petróleo da Arábia Saudita, ou mais de 5% da produção global diária da commodity. Fonte: Associated Press.
Rebeldes houthis do Iêmen, que são apoiados pelo Irã, alertaram hoje sobre possíveis novos ataques à infraestrutura petrolífera da Arábia Saudita e pediram a empresas estrangeiras que têm negócios no país que se mantenham afastadas de suas instalações.
Porta-voz dos houthis, Yahia Sarie disse que instalações como a refinaria de Abqaiq e um importante campo petrolífero saudita, atingidos no fim de semana, “podem voltar a ser atacados a qualquer momento”.
Os houthis assumiram responsabilidade pelo ataque com drones na Arábia Saudita que comprometeu cerca de metade da produção de petróleo local.
Equivalência com “Torres Gêmeas” de NY
O ataque a unidades da petroleira Saudi Aramco, na Arábia Saudita, no último sábado, seria equivalente ao atentado contra às torres gêmeas, nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001, ao se considerar o risco ao mercado de petróleo. A afirmação foi feita pelo diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone.
“Do ponto de vista do risco, o evento de sábado pode ser considerado uma espécie de 9/11 (ataque às torres gêmeas) do mercado do petróleo. Depois dele a sensação de risco aumentará”, escreveu Oddone, em sua conta no Twitter.
A conta não é verificada pela rede social, mas a sua autenticidade foi confirmada pela comunicação da ANP.
Ainda conforme Oddone, medidas preventivas depois do atentado devem ser adotadas, o que também tende a impactar negativamente nos custos operacionais.
O atentado de sábado interrompeu a produção de 5,7 milhões de barris diários de petróleo, montante que representa metade do exportado pelos sauditas e 5% do explorado diariamente no mundo.
Impactos sobre Petrobras
As ações da Petrobras mostraram alta na manhã desta segunda-feira, 16, após o ataque a unidades de processamento de petróleo da Saudi Aramco, na Arábia Saudita, no sábado. O ataque foi reivindicados pelos rebeldes houthis do Iêmen. Às 11h30 as ações ordinárias da companhia (ON, com direito a voto) avançavam 3,61%, sendo cotadas a R$ 30,73, enquanto as preferenciais (PN, sem direito a voto) subiam 3,31%, a R$ 27,77; mais cedo a alta chegou a 4%.
O ataque comprometeu metade da produção da petrolífera saudita. Com isso, os preços do petróleo dos tipos Brent e WTI mostraram alta de mais de 10%. As ações de companhias petrolíferas ao redor do mundo também tiveram forte alta, incluindo as americanas ExxonMobil e Chevron, e as europeias Shell e BP.
“Para a Petrobras, vemos como positiva a alta do petróleo, contribuindo não só para o melhor preço de venda da commodity como também pode aumentar o interesse pelos ativos da cessão onerosa, com leilão previsto para os próximos meses”, apontou Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos.
A alta no petróleo também afeta os papéis das empresas aéreas brasileiras: as ações PN da Gol caíam 6,53% e as da Azul, 7,42%.
A XP Investimentos destaca em relatório que cerca de 30% dos custos das companhias aéreas estão relacionados ao querosene de aviação, que deve subir com o petróleo mais caro.
O Ibovespa, principal índice de Bolsa de São Paulo, chegou a subir na abertura do dia, atingindo a máxima de 103.713,17 pontos, mas logo em seguida passou a cair, com a maioria das ações da carteira do índice cedendo.
Às 11h43, depois de chegar à mínima de 102.782,33 pontos, tinha queda de 0,07%, aos 103.431,20 pontos.Vale lembrar que esta segunda-feira é dia de vencimento de opções sobre ações, o que tende a gerar instabilidade.
Às 11h51, o dólar era cotado a R$ 4,0824, com queda de 0,09%.