Para 350.org, fracasso de leilões é ambiental
Da Redação, de Brasília (com apoio da 350.org) —
Avaliados como uma decepção pelos analistas de negócios, pela imprensa e pelo mercado, os leilões de áreas do pré-sal realizados na quarta-feira (06) e nesta quinta-feira (07) pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) são um fracasso ainda maior do ponto de vista ambiental.
“Enquanto milhares de pessoas em comunidades pobres do Nordeste são prejudicadas por um vazamento de óleo que dura mais de dois meses, governo e empresas se unem para ampliar a exploração de petróleo. É uma chacota com os nordestinos e uma demonstração clara de que a indústria fóssil não dá a menor importância aos impactos desastrosos que provoca”, diz Nicole Oliveira, diretora da 350.org na América Latina.
A Rodada de Licitações dos Excedentes da Cessão Onerosa resultou em ofertas por apenas dois dos quatro blocos que estavam sendo leiloadas. Diante de uma receita que deve ficar em apenas 70% do que estava previsto (R$ 70 bilhões, ante mais de R$ 100 bilhões) e sem propostas das principais empresas globais do setor, o leilão foi recebido com frieza pelas consultorias do setor. Já a 6a Rodada de Partilha de Produção terminou com quatro das cinco áreas em oferta “encalhadas”, e a maior área em disputa foi leiloada pelo preço mínimo.
“A decepção com os leilões se junta aos fracassos que a exploração de petróleo representa para o Brasil. Por causa do setor fóssil temos graves riscos a áreas de conservação marinha, como Abrolhos, e enormes prejuízos econômicos para mais de 60 mil pescadores e outras milhares de famílias que dependem do turismo”, afirma Nicole Oliveira.
Segundo a ONG, o presidente da ANP, Décio Oddone, só falou sobre o desastre quando foi questionado pela equipe da 350.org. “Ele disse que o vazamento atual não serve como critério para avaliar a capacidade de resposta do governo a um problema do tipo, por se tratar de um incidente cuja origem é desconhecida, mas não explicou como o governo será capaz de garantir uma resposta mais eficiente, em caso de novos derrames de óleo”, afirma um texto distribuído pela 350.org.
“Estamos entrando em uma nova fase da indústria fóssil no Brasil, ainda mais perigosa, já que reservas gigantescas começarão a ser exploradas sem que as pessoas afetadas, como as comunidades tradicionais que vivem nas áreas costeiras, sequer sejam ouvidas”, afirma Andreia Takua, presidente da Comissão Nacional de Saúde Indígena e ativista da 350.org.