Reginaldo, da Abraceel, diz que ML está sangrando na crise atual
Maurício Corrêa, de Brasília —
Como o presidente-executivo da associação dos comercializadores de energia, a Abraceel, Reginaldo Medeiros, só fala a verdade, a situação no setor elétrico parece ser realmente muito grave.
Em uma live organizada pela Thymos Energia, no último dia 04 de maio, questionado como os agentes de comercialização estão se virando no atual contexto de queda expressiva da demanda, devido à paralisação da economia, Medeiros foi sincero, como sempre, e afirmou que o mercado livre está “sangrando”.
Entretanto, ainda mantém um fiapo de otimismo. Segundo um relatório que a Abraceel enviou aos seus associados neste final de semana, a que este site teve acesso, ele disse, na live, que o mercado livre “ultrapassará a crise, embora com grande dificuldade, sem pedir bóia de salvação ao governo”. Ele explicou que o prejuízo mensal dos comercializadores com a crise atual gira em torno de R$ 220 milhões.
Medeiros também demonstrou inquietação com o fato que algumas mudanças que poderiam ajudar o consumidor na direção da racionalidade econômica não aconteceram. Como exemplo, ele citou o GSF. “Para as distribuidoras e consumidores, o equacionamento da questão GSF ajudaria, pois eles não estão recebendo nem a receita referente ao consumo previsto no contrato e não exercido, ao PLD mínimo”, diz o relatório, citando o presidente da associação.
De modo geral, ele demonstrou otimismo na live. Acredita que as perspectivas pós-pandemia são boas para o mercado, principalmente porque o ML surgirá fortemente com energia barata para incentivar a irreversível migração de consumidores hoje no ACR.
Ele, entretanto, aproveitou o momento para lançar “um alerta ao velho setor elétrico”. Diz o relatório que a nova dinâmica pós-crise vai exigir redução de custos e eficiência de todos os atores. Aparentemente ele deu uma dupla pancada no próprio Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase), do qual a Abraceel foi fundadora e é membro efetivo ainda hoje e nos organismos institucionais do SEB, vinculados ao MME, quando argumentou que:
“As organizações privadas (30 associações defendendo interesses conflitantes para jogar o custo no consumidor) e públicas (ONS, CCEE e EPE com duplicidade de funções) terão que escolher: substituição no jogo do mercado elétrico brasileiro. Entra consumidor e sai o setor”.