Defluência da UHE Foz do Chapecó é reduzida
Da Redação, de Brasília (com apoio da Ana) —
Para avaliar os impactos da seca no Sul e buscar soluções para os problemas decorrentes do fenômeno, a Sala de Crise da Região Sul realizou sua 6ª reunião nesta quinta-feira, 14 de maio. Durante o encontro, realizado por videoconferência, foi aprovado novo patamar para o teste de redução da defluência da hidrelétrica Foz do Chapecó (RS/SC), que fica no rio Uruguai. Com isso, o volume de água liberado passa de 160 para 150m³/s a partir das 8h desta sexta-feira, 15 de maio, até o próximo dia 21, data da próxima reunião da Sala, quando a redução será reavaliada.
A medida busca prolongar o armazenamento de água da barragem para melhorar as condições para os diversos usos da água no rio Uruguai a jusante (abaixo) do reservatório. O teste de redução da defluência da hidrelétrica Foz do Chapecó poderá ser interrompido caso sejam identificados impactos especialmente para as captações de abastecimento público nos municípios de Itapiranga (SC) e São Borja (RS).
Em 8 de maio aconteceu o primeiro teste, quando o volume liberado pela barragem baixou de 200 para 160m³/s sem que fossem identificados problemas para as captações de água para abastecimento das duas cidades. Captações para agroindústria em Itapiranga e a travessia fluvial entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina também foram mantidas.
A reunião da Sala de Crise da Região Sul contou com cerca de 90 participantes representando órgãos gestores de recursos hídricos do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina; órgãos federais; prefeituras; usuários de água para saneamento, navegação e indústrias; órgãos ambientais e do setor elétrico; além de instituições que realizam o monitoramento e previsão meteorológicos.
Em sua apresentação, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) abordou a situação de seca generalizada no Sul, que acontece há meses. Além disso, foi mostrada a previsão de chuvas abaixo da média na região nas próximas semanas nas bacias dos rios Paranapanema, Iguaçu, Paraná, Jacuí e Uruguai.
Já o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou a situação do armazenamento dos reservatórios do Subsistema Sul de geração hidrelétrica. Segundo o ONS, as bacias dos rios Capivari, Iguaçu, Jacuí e Uruguai – que formam o Subsistema Sul – tiveram seu armazenamento reduzido a menos da metade desde o início do ano. Entre 1º de janeiro e 13 de maio, os estoques de água caíram de 29,94% para 14,07%.
De acordo com o ONS, nas duas principais bacias do Subsistema Sul, dos rios Iguaçu e Uruguai, já existem dez hidrelétricas com a geração paralisada ou com operação intermitente por falta de água. Nesses casos, os reservatórios operam somente para a manutenção de restrições ambientais ou de outros usos da água. Na bacia do Iguaçu, responsável por 47% do armazenamento, estão nessa situação os reservatórios dos aproveitamentos hidrelétricos Salto Osório (PR), Salto Caxias (PR) e Baixo Iguaçu (PR).
No caso da bacia do rio Uruguai, que possui 28% do armazenamento do Subsistema, os aproveitamentos de Garibaldi (SC), Campos Novos (SC), Barra Grande (RS/SC), Machadinho (RS/SC), Itá (RS/SC), Passo São João (RS) e São José (RS) também estão com a geração suspensa ou com operação intermitente em virtude da seca.
A usina hidrelétrica Foz do Chapecó fica na calha do rio Uruguai entre os municípios de Águas Chapecó (SC) e Alpestre (RS). Com uma potência instalada de 855 MW, capaz de atender a 25% do consumo de energia de Santa Catarina e 18% do Rio Grande do Sul, a hidrelétrica possui um reservatório que banha seis municípios catarinenses e seis gaúchos.