Cogeração tem 18,8 GW em operação no País
Da Redação, de Brasília (com apoio da Cogen) —
A cogeração em operação comercial no Brasil já conta com 634 usinas, representando 18,8 GW de capacidade instalada — o que corresponde a mais de 10% matriz elétrica brasileira (170,1 GW) e equivale a 1,3 usinas hidrelétricas de Itaipu (14 GW).
Deste total, 62% representam a cogeração a partir da biomassa da cana-de-açúcar. Já cogeração movida a gás natural ocupa uma fatia de 17%. Em terceiro, com 15%, está o licor negro (subproduto do processo de tratamento químico da indústria de papel e celulose). Outras fontes completam o quadro. As informações fazem parte de um levantamento mensal da Associação da Indústria da Cogeração de Energia (Cogen).
“São 382 usinas movidas a bagaço de cana com 11.668 MW instalados, 88 movidas a gás natural com 3.073 MW instalados e 20 usinas a licor negro com 2.680 MW. Já as que usam madeira são 68 usinas, perfazendo 783 MW. O dado interessante é o número de usinas de biogás — já são 53 usinas, com 387 MW instalados, o que já representa 2,1% do total”, afirmou o presidente executivo da Cogen, Newton Duarte.
“O País precisa valorizar mais os atributos da cogeração. É uma das formas mais eficientes de se produzir energia, porque uma só fonte possibilita produzir energia elétrica e térmica (vapor ou frio) e, principalmente, porque a cogeração se dá próxima do ponto de consumo. Seu uso proporciona mais segurança energética para o atendimento a consumidores intensivos de energia e à própria população, que fica menos exposta a intermitências, problemas na qualidade da energia ou quedas no fornecimento”, acrescentou o presidente da Cogen.
“Nesse momento, uma solução para impulsionar a cogeração no Brasil poderá ser a realização de uma audiência pública para discutir um modelo para a contratação de geração distribuída (GD) no mercado regulado (ACR). Defendemos, junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que o País promova a realização de chamadas públicas para a GD, com base na Portaria nº 65/2018 do Ministério de Minas e Energia (MME), medida que, adotada com a Portaria nº 538 (ProGD) de dezembro de 2015, definiu valores específicos para a contratação de geração distribuída para diversas fontes, a critério das distribuidoras de energia elétrica”, diz Duarte.
De acordo com o diretor de Tecnologia e Regulação da Cogen, Leonardo Caio, essas chamadas públicas poderiam acontecer antes mesmo dos leilões A-4 e A-6 — adiados em função da pandemia do novo Coronavírus (Covid-19).
“Isso permitiria que as concessionárias pudessem adquirir uma parte de sua demanda proveniente de GD para atender a uma necessidade específica em determinada localidade ou uma região atendida, visando garantir uma energia de maior qualidade ou até mesmo um reforço para evitar o risco de intermitência. Além de não ter custo adicional com a compra dessa energia, as distribuidoras poderão, com esse mecanismo, evitar ou adiar investimentos próprios para reforçar ou expandir suas próprias redes de transmissão e distribuição, o que seria extremamente útil nesse momento em que o País atravessa uma crise econômica decorrente dos efeitos da pandemia”, explicou Leonardo Caio.
Integração ao sistema em junho
Durante o mês de junho, 75 MW foram adicionados ao sistema, oriundos de duas usinas de bagaço de cana, sendo uma ampliação de 40 MW, e uma nova planta de 35 MW.
Em maio haviam sido adicionados 51 MW, oriundos de duas usinas paulistas movidas a bagaço de cana: uma nova planta de 45 MW e uma ampliação de 6 MW — das usinas Ipiranga Bioenergia, em Mococa, e Alta Mogiana, em São Joaquim da Barra.
Nos seis meses iniciais de 2020, o incremento da cogeração no País foi de 183 MW, enquanto em 2019 a cogeração teve um incremento de aproximadamente 234 MW (1,1% em relação ao ano anterior).
No ranking por unidades da federação, o Estado de São Paulo lidera a lista com 221 usinas e 6.967 MW instalados, perfazendo 36,05% do total nacional. Em segundo está o Mato Grosso do Sul, com 28 usinas e 1.836 MW instalados, correspondendo a 9,87% do País. Na sequência, Minas Gerais conta com 63 usinas, 1.745 MW instalados e 8,98% do total. Em quarto, Goiás tem 40 usinas, 1.395 MW instalados e 7,5% do total. Já o Rio de Janeiro reúne 27 usinas, 1.231 MW instalados e 6,62% do quadro.
“O DataCogen mostra claramente que a vocação do Estado de São Paulo está no âmbito das usinas de açúcar e etanol, enquanto o Mato Grosso do Sul conta com quase 1 GW instalado de licor negro e a força do Rio de Janeiro está na cogeração a gás natural. O Norte e Nordeste do país destacam-se pelo uso de fontes como o gás natural, licor negro e biomassa da madeira”, afirma o engenheiro de Tecnologia e Regulação da Cogen, Diogo Ferrini.
Entre os cinco setores industriais que mais usam a cogeração estão o Sucroenergético (11.679 MW), Papel e Celulose (2.779 MW), Petroquímico (2.294 MW), Madeireiro (879 MW) e Alimentos e Bebidas (559 MW).