Plataforma de energia da B3 inicia em setembro
Maurício Corrêa, de Brasília —
A B3 apresentou ao agentes, na semana passada, o seu projeto de plataforma de energia, que será lançado em setembro. Os comercializadores participaram em massa e ouviram com atenção, mas este site conversou com alguns deles e a conclusão é praticamente a mesma: no longo prazo o projeto da B3 representa uma séria ameaça ao BBCE. Muitos estão com um pé atrás, aguardando os desdobramentos do projeto.
Há mais de 10 anos, ainda na época da Bovespa, a bolsa de valores de São Paulo ensaiou uma entrada no mercado de energia elétrica. Naquela época, com certeza o mercado ainda não estava maduro para o tipo de produto que a bolsa queria lançar e as conversações não seguiram adiante.
Agora, a B3 vem com força, diante das excelentes expectativas que se abrem para o mercado livre de energia elétrica, no Brasil, face às decisões que se esperam sejam tomadas em relação à modernização do setor elétrico e à portabilidade da conta de luz. Os bancos já estão se adiantando e entrando no negócio (o Itaú é um deles) e existem comercializadoras conversando com outras instituições financeiras.
Uma fonte ouvida pelo site “Paranoá Energia” lembrou que o BBCE é um projeto consolidado. Nascido como uma espécie de vértebra da associação dos comercializadores de energia elétrica, a Abraceel, o BBCC conta hoje com 31 cotistas, que são devidamente remunerados por suas aplicações no Balcão. É um negócio onde já se ganha dinheiro.
Lembrou, entretanto, que a energia elétrica não é uma commodity convencional e que, nesse sentido, o projeto da B3, embora tenha os seus aspectos positivos, o BBCE tem mais interesse em se transformar em uma clearing house, o que abriria oportunidades de crescimento em caráter exponencial. Assim, haveria um potencial conflito entre a B3 e o BBCE, em termos de estratégia de médio prazo, razão pela qual os agentes temem uma canibalização do BBCE, no futuro, por parte da B3.
Este site apurou que a B3 está fazendo o dever de casa corretamente. Já obteve a autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e também contratou uma consultoria especializada para mapear os fluxos do mercado de energia elétrica.
A B3, em sua apresentação, foi enfática, ao afirmar que pretende construir uma solução junto com os agentes do mercado. Resta saber se os agentes estariam dispostos a ouvir o canto da sereia da B3. Os comercializadores, enfim, têm muitas dúvidas a respeito do projeto da bolsa de valores e nem todas foram respondidas na reunião de apresentação, que ocorreu por videoconferência. A B3 prometeu esclarecer todas as pendências nos próximos dias.
Mas a B3 está confiante que, desta vez, vai finalmente conseguir entrar no mercado de energia, oferecendo produtos financeiros seguros, sofisticados e que possam contribuir para modernizar o setor elétrico brasileiro.