Comercializadores recebem Selo Verde
Da Redação, de Brasília (com apoio da CCEE) —
A busca pelo consumo responsável e pela sustentabilidade das cadeias de valor dos setores econômicos tem feito as comercializadoras de energia elétrica ampliarem o portfólio de fontes renováveis e de baixa pegada de carbono. O Selo Energia Verde reconhece, desde 2015, comercializadoras e consumidores no mercado livre de energia elétrica que contratam bioeletricidade gerada a partir da biomassa de cana-de-açúcar, uma energia neutra em emissões de gás carbônico. Trata-se da primeira inciativa no mundo focada estritamente no setor sucroenergético.
Até outubro deste ano, 21 comercializadoras de energia elétrica receberam o Selo Energia Verde emitido pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), no âmbito do Programa de Certificação da Bioeletricidade, idealizado pela Unica em parceria com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e com o apoio da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel). Trata-se do maior número de comercializadoras certificadas desde a criação do programa.
“A sociedade brasileira tem demonstrado uma grande preocupação com a sustentabilidade e o setor elétrico tem ampliado sua contribuição com a diversidade de fontes renováveis. A bioeletricidade traz benefícios econômicos e ambientais, atributos importantes para o futuro”, destaca Talita Porto, vice-presidente do Conselho de Administração da CCEE.
“Temos percebido um esforço em traduzir em ações práticas intenções já existentes antes da pandemia, como a busca pelo consumo responsável e pela neutralidade de emissões. Ao experimentarmos uma crise mundial, entendemos a gravidade do que enfrentaremos caso uma segunda crise, a causada pelo aquecimento global, não seja evitada. O momento de agir é agora”, avalia Evandro Gussi, presidente da Unica.
Além das 21 comercializadoras detentoras do Selo Energia Verde até o momento, dois consumidores no mercado livre também obtiveram o reconhecimento, um de São Paulo e outro de Santa Catarina, e 83 usinas de biomassa de cana receberam o Certificado Energia Verde, por produzirem energia elétrica renovável e com critérios de eficiência energética. A concessão do Certificado e do Selo ocorre sem custo para os agentes, respeitando as diretrizes do programa.
“A Unica, em parceria com a CCEE e com o apoio da Abraceel, concede os certificados para usinas geradoras de energia elétrica a partir dos resíduos da produção de açúcar e etanol. A partir daí, as comercializadoras e consumidores que adquirem a energia diretamente das usinas certificadas ou das comercializadoras, no mercado livre, podem solicitar o Selo Energia Verde”, explica Zilmar Souza, gerente de bioeletricidade da UNICA.
Em agosto de 2020, o mercado livre representou 31% de toda a energia elétrica consumida no país. O modelo de contratação deve crescer nos próximos anos, pois a abertura de mercado é uma das principais pautas dos debates acerca da Modernização do Setor Elétrico.
Geração e potencial elétrico
Ao longo de 2020, de acordo com a Unica, as 83 usinas certificadas devem produzir quase 20 mil GWh – 64% ofertados ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e 36% destinados ao autoconsumo das unidades sucroenergéticas. Os 20 mil GWh equivalem a 12% do consumo anual industrial de energia elétrica no Brasil ou a metade do consumo anual das residências no Estado de São Paulo. Essa geração de energia elétrica evitará a emissão de quase 7 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, marca que somente seria atingida com o cultivo de 46 milhões de árvores nativas durante 20 anos.
Contudo, o que é gerado está muito distante do pleno potencial da fonte. Atualmente aproveita-se apenas 11% da biomassa disponível nos canaviais e na indústria sucroenergética para geração de eletricidade, sem contar novas fontes, como o biogás produzido a partir dos subprodutos da fabricação do açúcar e do etanol.
Além de evitar a emissão de GEE, a bioeletricidade de cana-de-açúcar tem entre seus atributos positivos a complementariedade com a fonte hidroelétrica – geração acontece principalmente nos períodos de seca o que poupa água nos reservatórios das hidrelétricas e contribui para a modicidade das tarifas para o consumidor final; a redução de perdas de transporte e de investimentos em transmissão, pois a geração ocorre próxima aos grandes centros consumidores; uma cadeia produtiva nacional consolidada com geração de empregos regionais e de qualidade; e a ampliação da confiabilidade ao sistema por ser uma fonte considerada não intermitente