Ana atenta ao nível das UHEs Peixoto e Furnas
Da Redação, de Brasília (com apoio da Ana) —
Preocupada em preservar e recuperar o nível de água nos reservatórios das hidrelétricas Furnas e Mascarenhas de Moraes (Peixoto), no rio Grande (MG), a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (Ana) publicou nesta quarta-feira, 17 de fevereiro, resolução que estabelece condições de operação para esses aproveitamentos hidrelétricos, com o objetivo de melhorar a acumulação de água, aproveitando o atual período chuvoso.
As condições de operação excepcionais, complementares àquelas previstas nos atos de outorga dos empreendimentos, passam a vigorar em 17 de fevereiro com validade até 31 de maio deste ano ou até a revogação da Resolução Ana nº 63/2020. Com as novas condições, ficam estabelecidas faixas de operação para cada um dos reservatórios – definidas pelo volume acumulado observado – e limites de vazão defluente nessas faixas.
A recuperação dos reservatórios, fundamentais para a garantia da segurança hídrica na região, deverá permitir que se encontrem em melhores condições de armazenamento para o próximo período seco, reduzindo impactos sobre os usos múltiplos da água. “A Ana busca operacionalizar o conceito de segurança hídrica, determinando uma diminuição da vazão liberada pelos reservatórios antes do término do período chuvoso”, afirmou Christianne Dias, diretora-presidente da agência reguladora.
A definição de condições de operação específicas para a recuperação dos volumes no período chuvoso atende a uma das demandas identificadas nas reuniões promovidas pela Ana para acompanhamento das condições do sistema hídrico do rio Grande, em que participam representantes dos setores de turismo, geração hidrelétrica, navegação, piscicultura e indústria, dos movimentos e associações de usuários dos lagos, do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Grande (CBH Grande), dos governos locais, do legislativo e de outros ministérios e órgãos relacionados ao tema.
Além disso, foi realizada articulação com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) anteriormente à decisão, conforme previsto em lei nos casos de reservatórios para geração hidrelétrica. Isso se deu por meio de ofícios e reuniões específicas desde novembro de 2020, na sequência de uma proposta inicial apresentada pelo setor elétrico brasileiro de um conjunto de regras de operação que permitiriam reduzir o deplecionamento dos reservatórios de Furnas e Mascarenhas de Moraes e acelerar seu reenchimento com o início das chuvas, o que não foi possível devido à degradação das condições hidrometeorológicas nos primeiros meses do período chuvoso.
Paralelamente, condições de operação de caráter permanente para o Sistema Hídrico do Rio Grande, que compreende os reservatórios em questão, estão sendo discutidas com os atores relevantes e incluem a realização de estudos específicos e futura consulta pública.
Desde 2018, a bacia do rio Grande vem enfrentando condições hidrometeorológicas desfavoráveis com precipitações mensais abaixo das médias de longo termo na maior parte do tempo. Nesses anos, os meses de novembro a fevereiro, quando são esperadas as precipitações mais significativas para enchimento dos reservatórios, apresentaram os déficits mais acentuados. Em 2019 e 2020, as precipitações observadas foram inferiores às esperadas em praticamente todos os meses.
A situação hidrometeorológica desfavorável e as necessidades de atendimento da demanda eletroenergética do País levaram a um deplecionamento acentuado do nível dos reservatórios de Furnas e Mascarenhas de Moraes, afetando os usuários no entorno desses lagos, mesmo tendo sido cumprida a limitação de nível mínimo vigente.