Bolsonaro avisa que fará mais mudanças
Depois de indicar um novo nome para o comando da Petrobras e avisar que na próxima semana fará novas trocas no governo, o presidente da República, Jair Bolsonaro, sinalizou no período da tarde deste sábado, 20, que a outra mudança citada por ele durante o dia a ser anunciada será de peso e envolverá o seu primeiro escalão. “A gente vai fazendo as coisas, vai mudando, vai melhorando. Eu não tenho medo de mudar, não. Semana que vem deve ter mais mudança aí para… E mudança comigo não é de bagrinho, não, é tubarão”, disse a apoiadores após participar de evento militar em Campinas (SP).
Bolsonaro não disse qual “peixe grande” do governo pode deixar o cargo. No vídeo com a fala do presidente, divulgado por um canal do Youtube, ele é questionado se algum ministro cairá. Ele desconversou e só disse que o questionamento “não foi inteligente”.
Pela manhã, o presidente já havia prometido mudanças para a próxima semana, sem entrar em detalhes. “Se a imprensa está preocupada com a troca de ontem (na Petrobras), semana que vem teremos mais”, disse em sua fala durante uma cerimônia militar. Em outra parte do discurso, disse que não lhe falta “coragem para decidir” e que não deixará passar oportunidade.
Como o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) mostrou mais cedo, foi só o presidente falar em novas mudanças no governo que os celulares de Brasília começaram a apitar sem parar por causa de trocas de mensagens.
Fontes contaram ao Broadcast que foi a deixa para que as especulações começassem a surgir e que o foco mais forte recai agora sobre o Banco do Brasil.
No início do ano, Bolsonaro se irritou com o presidente do banco, André Brandão, por medidas para reduzir agências e cortar funcionários por meio de uma plano de demissão incentivada. O presidente chegou a pedir a demissão de Brandão, o que teria sido revertido pela equipe econômica.
A ameaça de trocas no governo ocorre após o chefe do Executivo indicar o general Joaquim Silva e Luna para a presidência da Petrobras, no lugar de Roberto Castello Branco, a quem tem criticado. Os reajustes no preço dos combustíveis anunciados pela estatal pesaram para a decisão do presidente.
Bolsonaro, contudo, nega ter interferido na petrolífera, que teve ações afetadas na sexta-feira, 19, depois de declarações do presidente. “A Petrobras é uma empresa mista, se cair ou subir as ações, o mercado decide. Eu não interferi na Petrobras”, disse ele.
Bolsonaro afirmou esperar mais transparência caso Silva e Luna seja confirmado como novo presidente da companhia. “Pode ter certeza, o general Silva e Luna que está indo agora para a Petrobras, ele vai mostrar tudo isso para nós. Não tínhamos previsibilidade e é um corporativismo enorme que existe nas estatais”, ressaltou.
O presidente reforçou ainda que é preciso uma atuação mais incisiva de órgãos do governo para fiscalização da qualidade e preço dos combustíveis.
Para ele, os combustíveis poderiam ser 15% mais baratos no País. A fala também foi dita durante uma live neste sábado com um de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). “Há uma indústria bilionária, clandestina dos combustíveis no Brasil”, opinou.
Após indicar um novo presidente para a Petrobras, o presidente da República, Jair Bolsonaro, negou neste sábado, 20, interferência na estatal. Na sexta-feira à noite, o chefe do Executivo anunciou a indicação do general Joaquim Silva e Luna para o comando da empresa no lugar de Roberto Castello Branco, a quem criticou. A mudança depende do aval do Conselho de Administração, que deve se reunir na próxima semana.
Ao comentar sobre a estatal, Bolsonaro comparou o atual momento à investigação sobre interferência ou não na Polícia Federal. “Vou continuar sem interferir, interferência zero, zero. Contudo, vai ter transparência e previsibilidade. Não adianta a imprensa falar que eu intervi. Estou na mesma linha que na questão da Polícia Federal, e não acharam nada de interferência minha no tocante à PF”, afirmou.
O presidente anunciou a nova indicação para a companhia pelas redes sociais. A troca acontece após Bolsonaro fazer críticas às sucessivas altas nos preços dos combustíveis, especialmente do diesel – demanda dos caminhoneiros. O chefe do Executivo também se irritou com a declaração de Castello Branco, que afirmou que a insatisfação da categoria não era um problema da Petrobras.
Bolsonaro indicou Luna e Silva, atual diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional e ex-ministro da Defesa do governo Michel Temer. “Um novo presidente, se Deus quiser, aprovado pelo Conselho para que possa a Petrobras retornar suas atividades”, disse.
O presidente da República também afirmou que espera que até 20 de março, quando acaba oficialmente o mandato de Castello Branco à frente da estatal, não haja nenhum reajuste.
“Não houve qualquer interferência na Petrobras, tanto é que continua esse reajuste de 15%. Você que diga se é abusivo ou não Espero que até o dia 20, quando vai de vez sair esse atual presidente, ele não vai querer dar mais um percentual de reajuste no diesel e da gasolina. Então, o que aconteceu até agora para mim faz parte do passado”, disse Bolsonaro após participar de evento em Campinas, no Estado de São Paulo, em transmissão ao vivo nas redes sociais.
Além de demonstrar descontentamento com a política de preços da empresa, Bolsonaro criticou Castello Branco por trabalhar em home office durante a pandemia da covid-19. Segundo ele, a diretoria da empresa trabalha remotamente desde março de 2020. “Não dá para governar, estar à frente de uma estatal dessa forma, coisas erradas acontecem. Um novo presidente, caso aprovado pelo Conselho, espero que seja aprovado, vai dar uma nova dinâmica para a Petrobras”, disse.
Bolsonaro responsabilizou o ex-presidente da Câmara do Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) pelo fracasso do governo de promover uma agenda de privatizações. A venda de estatais, com receita estimada em R$ 1 trilhão, é prometida pelo ministro Paulo Guedes desde o início do governo.
“O próprio ex-presidente (da Câmara, Rodrigo Maia) disse há poucas semanas que agora ele vai fazer uma oposição contra o presidente Jair Bolsonaro, coisa que ele não podia falar enquanto era presidente”, comentou. “O ex-presidente tinha uma ligação enorme com PT, PCdoB e PSOL, então as agendas liberais não andavam. Esse pessoal é estatizante”, justificou.