Aos 95 anos, morre em BH Camilo Pena
Maurício Corrêa, de Brasília —
O setor elétrico brasileiro perdeu um dos seus construtores, com a morte, nesta
sexta-feira, 23 de abril, do ex-ministro da Indústria e Comércio (1979-1984), João
Camilo Pena, em Belo Horizonte. Ele morreu aos 95 anos de idade.
Mineiro da região de Curvelo, formou-se como engenheiro civil, em 1948. Trabalhou
na Companhia Vale do Rio Doce e, no início da década de 50, transferiu-se para a
Cemig, onde exerceu diversas funções, inclusive a presidência da empresa.
Na estatal mineira, participou dos projetos de construção de várias
hidrelétricas, inclusive do planejamento da construção da usina de Três Marias.
Depois de fazer carreira na Cemig, virou presidente da empresa em 1969. Deixou a
Cemig em 1975, a convite do então governador Aureliano Chaves, para assumir a
Secretaria da Fazenda de Minas Gerais.
Em 1979, assumiu o Ministério da Indústria e Comércio na gestão do presidente João
Figueiredo. Bateu de frente, no Governo Federal, com o então ministro Delfim Netto,
que era o mais poderoso da equipe ministerial, renunciando em 1984, quando se
recusou a apoiar o candidato governista, Paulo Maluf.
Com o fim da ditadura e o início do Governo Sarney, Pena foi nomeado para a
presidência da geradora Furnas e voltou ao setor elétrico, quando se conscientizou
que não havia alternativa, na época, para manter a qualidade do SEB se não fosse a
privatização. Ficou em Furnas até 1989 e depois tornou-se consultor e membro de
conselhos de grandes empresas estatais e privadas.
Durante toda a vida foi um executivo que gerou muita admiração por onde passou.
Seu nome nunca foi envolvido em confusões que costumeiramente atingiam as
empresas estatais. João Camilo Pena sempre foi motivo de orgulho para diversas
gerações de especialistas do setor elétrico brasileiro e a sua morte deixa uma lacuna.