Consumo de gás na indústria cresce 7,2%
Da Redação, de Brasília (com apoio da Abegás) —
O consumo de gás natural na indústria cresceu 7,2% no primeiro trimestre de 2021 (1T21) em comparação com os números do mesmo período de 2020. Nos três primeiros meses do ano, o consumo industrial atingiu 28,4 milhões de metros cúbicos por dia, em média, ante 26,5 milhões de metros cúbicos/dia no primeiro trimestre de 2020. Os
dados integram levantamento estatístico mensal da Abegás com as distribuidoras de todo o País.
A performance do segmento industrial foi um dos principais fatores que elevaram o consumototal do país no primeiro trimestre deste ano. A alta, na soma de todos os segmentos, foi de 12,3%. De janeiro a março, o país consumiu 70,7 milhões de metros cúbicos/dia. No mesmo período do ano passado, havia chegado a 62,9 milhões metros cúbicos/dia.
“A recuperação da indústria é um sinal positivo. Já há mais de 3.500 indústrias ligadas à rede das concessionárias em 16 estados e o crescimento do consumo desse segmento funciona como um indicador de atividade, ainda que abaixo da expectativa para esse ano por conta da segunda onda de Covid-19. Nossa expectativa é que, com o avanço da campanha de vacinação, esses números possam melhorar no segundo trimestre”, afirma Augusto Salomon, presidente da Abegás.
“Um dos pontos que nos preocupam é o forte impacto do reajuste no preço da molécula de gás, aplicado em maio pela Petrobras, para a competitividade do insumo frente a outros energéticos. Lamentamos que nossas propostas para mitigar o peso do repasse para os consumidores finais não tenham encontrado convergência”, diz Salomon.
Outro segmento que contabilizou para o consumo total do país foi a geração elétrica. O despacho termelétrico foi de 31,2 milhões de metros cúbicos/dia no trimestre anterior contra 25,1 milhões de metros cúbicos/dia no mesmo período do ano passado. Isso representa um aumento de 24,2%.
“O Brasil vive uma das mais graves crises hídricas de sua história, especialmente no subsistema Sudeste-Centro-Oeste, onde tivemos o pior mês de abril desde 1931, quando começaram os registros, como bem observou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Não é um episódio fortuito, vem se agravando desde 2014. E a geração térmica a gás natural seria a melhor alternativa para preservar e recuperar os reservatórios das hidrelétricas.”, aponta o presidente executivo da Abegás.
“O País precisa de leilões para contratação do gás natural do pré-sal, o que incentivaria a redução dos níveis de reinjeção e a monetização do gás. Em paralelo, é preciso rever o planejamento energético do País, dando um sinal claro de demanda e expansão da geração termelétrica a gás. É inaceitável que com as imensas reservas de gás natural o País volte a conviver com o risco hidrológico e os baixos níveis dos reservatórios, além de continuarmos sendo importadores de gás natural”, afirmou.
Segundo a Abegas, as térmicas inflexíveis a gás, localizadas em regiões estratégicas, podem fazer toda a diferença
para que o País possa voltar a crescer com segurança energética, interiorizando a infraestrutura. Nesse contexto, a produção nacional de gás natural poderia dar um choque de competitividade, contribuindo, ao mesmo tempo, para a expansão das fontes renováveis e minimizando o risco de intermitências da geração a partir dessas fontes.
Outros segmentos
O segmento de cogeração acompanhou no primeiro trimestre o ritmo da recuperação industrial e apresentou ligeira alta de 0,5% no consumo. Este saiu de 2,2 milhões de metros cúbicos/dia, no mesmo período do ano passado, para 2,3 milhões de metros cúbicos/dia ao final de março passado.
No entanto, outros segmentos de consumo continuam a sofrer os impactos da pandemia. Um exemplo é o automotivo, que registrou 5,4 milhões de metros cúbicos/dia, com uma queda de 5,1% no volume diante dos 5,7 milhões de metros cúbicos/dia nos três primeiros meses do ano passado. O mais afetado, no entanto, foi o segmento comercial, que viu uma queda de 19% no consumo. Isto ocorreu por causa das medidas de restrições ao funcionamento de bares e restaurantes durante a chamada segunda onda.
O segmento residencial permaneceu praticamente estável. Ficou em 1,137 milhão de metros cúbicos/dia, ante 1,147 milhão de metros cúbicos/dia dos três primeiros meses de 2020, com uma ligeira variação negativa de 0,8%.
O consumo do primeiro trimestre de 2021 foi o seguinte em todos os segmentos:
Industrial — Apresentou elevação de 7,2% no primeiro trimestre do ano.
Automotivo — O uso de GNV teve redução de 5,1% no trimestre.
Comercial — Registrou queda de 19% no trimestre.
Residencial — Ficou praticamente estável, tendo recuo de 0,8% no trimestre.
Cogeração — Acompanhando a retomada da indústria, cresceu 0,5%.
Geração elétrica — Alta de 24,2% no consumo das térmicas, com o aumento do despacho termelétrico no
trimestre, para suportar o nível dos reservatórios das hidrelétricas.