CCEE mostra estados com consumo em alta
Da Redação, de Brasília (com apoio da CCEE) —
O consumo de energia elétrica cresceu em quase todos os estados brasileiros no primeiro semestre deste ano na comparação com igual período de 2020, de acordo com dados preliminares da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE. O ranking das regiões que mais demandaram eletricidade no Sistema Interligado Nacional (SIN) é liderado pelo Ceará (11,6%), Pará (10,3%), Espírito Santo (9,9%), Santa Catarina (9,9%) e São Paulo (9,6%).
Os estados no topo da lista registraram crescimento representativo, sobretudo no Ambiente de Contratação Livre (ACL), no qual os grandes consumidores, com carga a partir de 500 kW, como indústria e shoppings, adquirem energia. Nesse segmento, no Ceará, o avanço foi de 37,7%. São Paulo registrou alta de 22,3%, Santa Catarina de 21,2%, Espírito Santo de 17,9% e o Pará de 15,4%.
“É uma conjunção de fatores que tem levado à recuperação do consumo. Temos a influência do câmbio, que favorece a exportação para alguns setores muito atuantes nesses estados, a exemplo da indústria têxtil no Ceará e do segmento de metalurgia no Pará; a flexibilização de medidas restritivas contra Covid-19, permitindo a reabertura gradual de economias locais; e a curva de aprendizagem para operar neste período ainda muito desafiador”, avalia Rui Altieri, presidente do Conselho de Administração da CCEE.
Na análise desses cinco estados no Ambiente de Contratação Regulada (ACR), ou mercado regulado, em que estão consumidores de menor porte, como pequenas empresas, comércio e consumidores residenciais, o Ceará manteve liderança, com consumo 6,9% maior que a primeira metade do ano passado. Em seguida, temos o Espírito Santo (5,8%), Pará (4,7%), Santa Catarina (4,6%) e São Paulo (3,3%).
Nos primeiros seis meses deste ano, apenas dois estados registraram queda no consumo de energia no Sistema Interligado Nacional. A redução de 2,4% no Acre foi influenciada pelo recuo de 3,6% no mercado regulado, ainda muito representativo na região. O mesmo aconteceu no Amazonas, onde o consumo geral caiu 1,2% em relação ao mesmo período do ano passado, impactado pela retração de 6,2% no ACR.
Desempenho dos setores
Em ritmo de recuperação acelerada, após as retrações registradas durante a pior fase da pandemia de Covid-19 em 2020, a indústria de metalurgia e produtos de metal se destaca como o ramo de atividade que mais consumiu energia no começo de 2021. No primeiro semestre, o segmento registrou o consumo de 5.441 megawatts médios, volume 16,9% superior ao reportado em igual período do ano passado. Os dados preliminares foram divulgados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, que acompanha a geração e o consumo de eletricidade no Brasil inteiro.
Para a organização, há dois motivos que explicam o avanço na indústria metalúrgica e em todos os outros 14 setores produtivos acompanhados. “Um deles é a curva de aprendizagem para operação diante dos desafios da pandemia. O outro fator é reflexo do movimento de migração contínuo de consumidores de alta tensão para o mercado livre”, detalha Rui Altieri.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, os maiores índices de aumento no consumo foram registrados pela indústria têxtil (42%), seguida pelos setores de veículos (40,4%), saneamento (39%), comércio (28,2%) e manufaturados diversos (26,4%). Os dados, ainda prévios, consideram toda a migração de novas cargas do mercado regulado, no qual a comercialização de energia ocorre por meio das distribuidoras, para o ambiente livre, em que esses grandes consumidores negociam contratos diretamente com as geradoras ou com a intermediação de comercializadores.