Solar já abastece 10% da União Européia
Da Redação, de Brasília (com apoio do ClimaInfo) —
Nova análise do think tank de energia Ember revela que, pela primeira vez, os painéis solares geraram 10% (39 TWh) da eletricidade da União Europeia (UE) neste verão durante os meses de pico, junho e julho. Oito países do bloco bateram seus recordes de geração solar neste período – Alemanha, Espanha, Estônia, Holanda, Hungria, Lituânia, Polônia e Portugal – enquanto sete já conseguem gerar mais de um décimo de sua eletricidade a partir do sol também nesses meses: Holanda (17%), Alemanha (17%), Espanha (16%), Grécia (13%) e Itália (13%).
Os picos de geração de energia solar na Europa ocorrem em junho e julho e, segundo a análise, estão ficando maiores a cada ano. O crescimento da geração também está acelerando: aumentou 5,1 TWh entre junho-julho de 2020 e 2021, uma variação anual maior do que em 2020 (+3,1 TWh) ou 2019 (+2,6 TWh).
Entre os destaques do relatório da Ember está Hungria, que viu a energia solar aumentar de 3% em junho-julho de 2018 para 12% no verão de 2021. Agora a energia solar supera pela primeira vez a geração elétrica a carvão no país, um marco que já havia sido alcançado no ano anterior por Grécia e Portugal e há vários anos por Holanda, Itália, França, Espanha, Áustria e Bélgica.
A revolução solar ainda não decolou
Apesar dos ganhos recentes, a geração de eletricidade da UE a partir de painéis solares ainda permanece inferior às usinas elétricas a carvão, que geraram 14% da eletricidade da UE em junho-julho de 2021 (58 TWh).
A UE-27 acrescentou 14 TWh de geração solar a cada ano, em média, nos últimos dois anos, mas de acordo com a Comissão Europeia, o crescimento anual deve dobrar para 30 TWh nesta década para que a UE cumpra suas novas metas climáticas para 2030.
Charles Moore, líder na Europa da Ember, acredita que apesar do excelente verão para a energia solar, a Europa ainda está longe de aproveitar todo seu potencial solar.
“O custo da energia solar caiu na última década e estamos vendo os primeiros sinais da revolução solar da Europa em países como Espanha, Holanda, Hungria e até mesmo na Polônia, que é muito rica em carvão”, celebra Moore. “Entretanto, há um longo caminho a percorrer antes que a energia solar forneça mais energia do que os combustíveis fósseis, mesmo no auge do verão europeu.”
Para Moore, os extremos climáticos em toda a Europa neste verão precisam servir de alerta. “Diante deles [eventos extremos] os governos devem transformar as metas climáticas em ações climáticas, intensificando a expansão solar.”
Segundo a Ember, o mercado solar dá sinais de que está preparado para suportar o crescimento necessário. A energia gerada pelos painéis solares custa agora metade do preço da energia das usinas fósseis dos principais mercados, incluindo Alemanha, Reino Unido, Itália, França e Espanha. A média global do Custo Nivelado de Eletricidade (LCOE) para energia solar fotovoltaica em escala de uso caiu de US$ 381/MWh em 2010 para US$ 57/MWh em 2020.