Abrace critica decisão do Cade sobre Gaspetro
Da Redação, de Brasília —
A Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace) considerou surpreendente a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) relativa ao processo de compra da Gaspetro pelo grupo Cosan, controlador da Compass Gás & Energia, pois vai na contramão das manifestações do Comitê de Monitoramento do Gás – responsável pela definição da política de gás natural – e também da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis (ANP).
Segundo a associação, a decisão também contraria a manifestação dos agentes da cadeia do gás, que já tinham se posicionado sobre a possível compra. “Conforme parecer apresentado, a decisão não avalia os efeitos deletérios da operação, pois permite a criação de um novo agente com posição dominante no mercado no segmento de distribuição e que também ocupa posição na comercialização do gás natural”, diz uma nota distribuída pela Abrace.
A decisão, na percepção dos grandes consumidores industriais de energia, parece não refletir o comportamento histórico do Cade, de avaliar de forma profunda os efeitos de um ato de concentração. “Ainda utilizou-se de interpretações pouco restritivas para tornar a Compass elegível, já que, pelo TCC, a venda não poderia se dar com agente comercializador. No limite, essa decisão pode levar à substituição do antigo monopólio nacional por um modelo com enorme poder de mercado verticalizado e horizontalizado atuando no setor”, alegou a associação.
A Abrace, em conjunto com diversas associações do setor, salientou que confia no colegiado do Cade para rever a decisão da SG, na certeza que levará em conta elementos importantes trazidos no processo pelo formulador de política, a União e agentes de mercado, que demonstram de forma clara e técnica que a venda prejudica o novo mercado de gás e mina a competição no setor.