Ipea: redução de 10% na energia eleva PIB
Da Redação, de Brasília (com apoio do Ipea) —
Um estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta segunda-feira, 30 de maio, mostra o impacto de reduções de 10% e 20% no preço da energia elétrica sobre a economia nacional e as economias das macrorregiões brasileiras. As simulações levam em conta o Projeto de Lei nº 414/2021, em tramitação na Câmara dos Deputados, que trata da modernização do setor elétrico e deve promover quedas no valor das tarifas, devido à maior concorrência e liberdade de escolha dos consumidores.
Caso haja uma redução de 10% no preço da energia elétrica, estima-se variação positiva do produto interno bruto (PIB) nacional de 0,45 ponto percentual (p.p.). Ao analisar como esse resultado se distribui pelas macrorregiões brasileiras, o autor do estudo e presidente do Ipea, Erik Alencar de Figueiredo, calculou que a região que mais se beneficiaria com a queda de 10% seria o Centro-Oeste (0,74 p.p de crescimento do PIB). Em seguida, as regiões Sudeste e Sul, em patamar similar: 0,46 p.p. e 0,45 p.p., respectivamente. As demais regiões, Nordeste e Norte, teriam benefícios correspondentes a 0,35 p.p. e 0,34 p.p., respectivamente.
Quando se utilizou o modelo de equilíbrio geral dinâmico para estimar os efeitos da redução de 20% no preço da energia elétrica, o resultado obtido foi crescimento de 0,54 p.p. no PIB nacional. Novamente, a região Centro-Oeste seria a mais beneficiada (0,87 p.p). Todas as demais regiões se beneficiariam de variações positivas do PIB em maior magnitude do que quando se simulou a redução de 10%.
O PL 414/2021 pretende dar a todos os consumidores, pessoas físicas e jurídicas, a possibilidade de escolherem de qual empresa preferem comprar sua energia, acabando com o atual cenário de apenas uma distribuidora detentora da concessão local. O estudo aponta que essa maior liberdade proporcionará aumento da concorrência, ampliando a oferta e reduzindo os preços para empresas e para o consumidor final. O projeto foi tema de uma edição do Ciclo de Palestras sobre Legislação e Políticas Públicas realizada pelo Ipea em maio.
Indicador de Consumo Aparente de Bens Industriais
O Indicador de Consumo Aparente de Bens Industriais divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta segunda-feira, registrou alta de 1,1% no mês de março, na comparação com fevereiro. Entre os componentes do consumo aparente, a produção interna destinada ao mercado nacional (bens nacionais) cresceu 0,8% em março e as importações de bens industriais avançaram 2,7% no mesmo mês (depois de quatro quedas seguidas na margem). No primeiro trimestre deste ano, o indicador recuou 0,6% na margem, com alta de 0,1% na produção de bens nacionais e redução de 5,4% nas importações de bens industriais.
Na comparação com março do ano passado, a demanda interna por bens industriais teve queda de 4,7%. Em relação ao primeiro trimestre de 2021, o recuo foi de 6,6%. No acumulado em doze meses encerrados em março, a demanda cresceu 4% e as importações de bens industriais avançaram 21,6%, enquanto a produção industrial, mensurada pela Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acumulou alta de 1,8%, conforme a tabela abaixo:
Na análise das grandes categorias econômicas, o crescimento em março foi generalizado, com destaque positivo para os segmentos de bens de capital e de bens intermediários, que avançaram 3,8% e 1,6% sobre fevereiro. Na comparação com março de 2021, todos os segmentos apresentaram queda. O fraco desempenho observado em janeiro explica o resultado adverso no primeiro trimestre deste ano.
Com relação às classes de produção, a demanda interna por bens da indústria de transformação avançou 1,0% sobre fevereiro, com queda de 1,2% no trimestre terminado em março deste ano. A extrativa mineral teve alta de 4% em março e 5,2% no primeiro trimestre de 2022. No acumulado em doze meses, as indústrias extrativas subiram 21,3%.
Na análise setorial, 14 dos 22 segmentos tiveram variação positiva. Os segmentos de outros equipamentos de transporte e de veículos apresentaram os melhores resultados em março, com altas de 7,2% e 5,4%, respectivamente. No primeiro trimestre de 2022, oito segmentos registraram crescimento, com destaque para o consumo aparente de outros equipamentos de transporte, com alta de 5,3%.