Consultoria avalia tendências no Renovabio
Da Redação, de Brasília (com apoio da hEDGEpoint Global Markets) —
O programa brasileiro Renovabio passou por diversas mudanças em 2022. Algumas delas incluem a prorrogação do prazo para comprovar o cumprimento das metas anuais (Decreto 11.141/2022), a redução da meta de 2023 (Resolução CNPE nº 13/2022) e a revisão da estrutura do mercado de Cbios (Portaria MME nº 56/2022). Originalmente, o prazo para cumprimento da meta era 31 de dezembro de cada ano. Para a meta de 2022, essa data foi adiada para 30 de setembro e, para os anos seguintes, para 31 de março, indica a empresa de consultoria hEDGEpoint Global Markets.
O novo prazo para comprovação de conformidade gerou um impacto visível na dinâmica deste mercado. Viu-se uma quebra de sazonalidade no volume negociado e aposentado na comparação com valores de 2021. O volume negociado ficou abaixo da média do ano em novembro e dezembro de 2022. Normalmente, os meses que antecedem o prazo de cumprimento têm negociação acima da média.
“Com a nova data de cumprimento da meta de 2022 em 30 de setembro de 2023, também é possível que vejamos uma mudança no padrão do mercado nos dois meses que antecedem a data. É mais provável que os distribuidores comprem e aposentem Cbios neste período, uma tendência altista para o terceiro trimestre em contraste com o primeiro e segundo trimestres, quando mais Cbios devem estar disponíveis no mercado”, explica Yuri Renni, analista Sênior de Inteligência de Mercado de Energia Renovável da hEDGEpoint.
De acordo com o especialista, para 2023, com a nova meta revisada de 37,47M Cbios (anteriormente 42,35M), os distribuidores não devem encontrar dificuldades em atingir a meta até março de 2024. Os estoques de Cbio no início de 2023 representam quase 16% da meta do ano.
Segundo ele, outro tópico relevante para acompanhar este ano é o desenvolvimento do mercado futuro de Cbio. “A Portaria nº 56/2022 editada em dezembro de 2022 pelo MME substituiu a Portaria nº 419/2019 e abriu caminho para a criação de um mercado futuro. Mais especificamente, o artigo 7º do documento permite que as instituições financeiras que negociam diretamente com emissores primários e compradores sejam identificáveis em caso de negociação futura de Cbios. Essa mudança é vista como uma forma de reduzir a oscilação de preços”, diz.
Riscos
Segundo análises da hEDGEpoint, uma possível intervenção na metodologia de precificação de combustíveis também traz preocupações, pois poderia reduzir artificialmente a paridade entre o biocombustível e o açúcar, fazendo uma maior quantidade de matéria-prima ser destinada à produção do adoçante.
Cbios são altamente dependentes da produção de biocombustíveis, principalmente da de etanol. Em 2022, 85% de todos os Cbios emitidos vieram da produção de etanol. Assim, qualquer interferência de preço dessa natureza, causando redução na produção de etanol, significaria necessariamente uma redução nos Cbios emitidos.
A hEDGEpoint Global Markets é uma empresa especializada em inteligência de mercado, consultoria, gestão de risco e soluções de hedge para a cadeia de valor global de commodities, com experiência nos mercados agrícolas e de energia. A companhia trabalha com mais de 60 commodities e mais de 450 produtos de hedge em sua plataforma.