Crise bancária pode impactar mercado de óleo
Da Redação, de Brasília (com apoio da hEDGEpoint Global Markets) —
A empresa de consultoria hEDGEpoint Global Markets preparou um relatório, analisando como a crise bancária que afetou grandes instituições financeiras nos Estados Unidos e Suíça, há poucas semanas, pode afetar a indústria do petróleo.
Eis uma síntese do relatório:
“A falta de investimento na frente upstream da indústria de petróleo e gás existe desde 2015, mas seus impactos ficaram mais claros na era pós-Covid. O rápido aumento da demanda, à medida que as nações abandonaram as suas políticas de bloqueio, não foi acompanhado pelo aumento da oferta — o que fez com que os preços da energia subissem. Com isso, a economia mundial passou por um grande choque inflacionário, o qual dura até os dias de hoje.
Os bancos centrais foram forçados a aumentar as taxas de juros, elevando o custo da dívida de praticamente todas as indústrias. As empresas tiveram que reduzir os gastos de capital, e os níveis de endividamento dos consumidores aumentaram significativamente no mundo todo. O impacto dessa crise de crédito está sendo sentido especialmente nos EUA, onde as projeções de investimentos para os próximos seis meses estão caindo em várias regiões. Um exemplo é o Texas, que, se fosse um país, seria o quarto maior produtor de petróleo do mundo.
Ver as expectativas de gastos de capital diminuir para os próximos seis meses apenas aumenta a perspectiva de menor produção de petróleo daqui para frente. Isso é relativamente preocupante, pois a bacia do Permiano, localizada no Texas e no Novo México, tornou-se o produtor marginal de petróleo na América. Menos investimento de capital significa menos capital disponível para compensar as quedas naturais, bem como para expandir as fronteiras de produção.
A importância da Bacia do Permiano para a produção total de petróleo dos EUA é muito significativa. É uma das poucas regiões onde os volumes estão aumentando e atualmente estão acima dos níveis pré-Covid. Outras bacias estão passando por declínios naturais com preços de equilíbrio mais altos — o que explica por que a maior parte das novas perfurações está focada no Permiano. As condições de crédito apertadas no Texas, portanto, são muito preocupantes, pois podem comprometer o crescimento potencial da produção de petróleo nos EUA.
Dificuldades para o Ocidente
Além do aumento dos custos da dívida devido aos juros estruturalmente elevados, os produtores de petróleo dos EUA também têm lidado com a incerteza causada pela crise bancária. Embora pareça ter acabado, os riscos permanecem, já que Jerome Powell, Presidente do Fed, disse algumas vezes que os cortes nas taxas não são esperados para 2023. Isso significa que as instituições financeiras com políticas de gerenciamento de risco ruins continuarão vulneráveis – muitas delas potencialmente sendo bancos que não estão sob o radar do mercado agora.
Se as preocupações anteriores com as políticas ambientais e a pressão dos acionistas por melhores resultados financeiros já eram impeditivos para que os produtores de petróleo dos EUA aumentassem a produção, não parece ser em meio a essa turbulência macro que eles mudarão de ideia.
Isso representa um risco potencial para o fornecimento de petróleo globalmente até 2023, já que muitos esperam que a Rússia comece a reduzir a produção de petróleo.
Sanções, falta de tecnologia estrangeira e armazenamento insuficiente são algumas das razões para isso. Se a futura produção de petróleo dos EUA for menor, o Ocidente poderá enfrentar dificuldades em obter petróleo não russo — criando um alta nos preços para o petróleo no médio prazo, segundo análises da hEDGEpoint Global Markets”.