Abraceel detona proposta do Newave Híbrido
Mauricio Corrêa, de Brasília —
O governo está pressionando para colocar em operação, em 2024, o chamado Newave Híbrido. Mas, como este site já havia antecipado, o grupo técnico da associação dos comercializadores de energia, a Abraceel, voltou a se reunir no último dia 05 de julho e concluiu que é necessário alterar vários pontos da proposta em discussão.
“Apesar do avanço metodológico que a individualização das usinas hidrelétricas representa, associadas entendem que os resultados do Newave Híbrido não resultam em ganhos aparentes, e que há necessidade de aperfeiçoamentos na metodologia”, diz um relatório da Abraceel enviado aos associados nesta sexta-feira.
Segundo o relatório, os comercializadores ligados à Abraceel “pontuam a necessidade de análises individualizadas para cada metodologia proposta, além de análise de sensibilidade do CVaR para o caso que considera a expansão da MMGD, representação das usinas do ACL e novos valores de volume mínimo operativo, dado o impacto que resultará nos modelos”.
Nesse dia 05 de julho, o Grupo Técnico da Abraceel se reuniu para continuar as discussões acerca da CP 151/2023 do MME, que versa sobre as propostas da Cpamp de alterações metodológicas nos modelos computacionais para 2024. Foi uma reunião representativa, com participação de quase 200 colaboradores das empresas associadas.
“Na reunião, a Abraceel apresentou os resultados do formulário enviado previamente às associadas, que teve o objetivo de colher a percepção das empresas a respeito das propostas da Cpamp. O referido formulário recebeu respostas de 40 empresas associadas. Na opinião unânime das associadas que responderam o formulário, apesar de a representação individualizada das usinas hidrelétricas ser uma evolução necessária nos modelos, o Newave Híbrido não está pronto para ser implementado nos modelos computacionais em 2024”.
Segundo a associação, entre as justificativas apresentadas está a preocupação em relação à falta de análise individualizada da metodologia proposta, que permita identificar o seu desempenho nos modelos.
“Além disso, os próprios resultados apresentados pela Comissão, mesmo que de forma conjunta, apresentaram elevação da geração hidráulica, com consequente redução da geração térmica e elevação dos encargos, mesmo em cenários com hidrologia ruim. Esses pontos, na visão das associadas, não são intuitivos e requerem maior aprofundamento das análises e discussões”.
Uma questão relevante foi apresentada pela Abraceel. O chamado Newave Híbrido exige elevado tempo computacional para o seu processamento, ultrapassando 12 horas em algumas empresas associadas.
“Isso prejudicou as análises no curto tempo da consulta pública e exige orientação na configuração das máquinas para que o tempo de processamento possa ser equivalente ao da Cpamp, de duas horas. Nesse sentido, como as análises apresentadas pela Comissão não mostram ganhos aparentes, a Abraceel irá sugerir que a metodologia seja aperfeiçoada no próximo ciclo, com realização de backtests e análises prospectivas individualizadas”, diz o relatório encaminhado aos associados.
Segundo o documento, em relação à metodologia de representação de cenário de ventos, a opinião das associadas ficou dividida, com maior proporção de aceite daqueles que entendem que, com base nas análises realizadas pela Cpamp, a metodologia está pronta para ser implementada nos modelos a partir de 2024.
“Não obstante, as empresas ponderam que, apesar de entenderem que a metodologia proposta representa avanço em relação à forma atual de consideração da geração eólica nos modelos, faltaram estudos individualizados que considerem apenas a implementação da representação de cenário de ventos, de modo a permitir a análise do desempenho nos modelos e eventual necessidade de alteração dos parâmetros do CVaR”, lembrou a Abraceel.