Silveira debate descarbonização nos EUA
Da Redação, de Brasília (com apoio do MME) —
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, participou nesta quarta-feira, 11 de outubro, em Washington, do primeiro workshop técnico Estados Unidos-Brasil sobre captura, utilização e armazenamento de carbono. Além da equipe de secretários do MME, o evento contou com a participação do Departamento de Energia americano e de agências reguladoras dos EUA.
Na abertura do evento, o ministro destacou a grande responsabilidade que é estar no Departamento de Energia dos Estados Unidos para tratar do tema que está em evidência no mundo. “O Brasil trabalha para alcançar a neutralidade de carbono, conforme compromissos internacionais assumidos. Quero ressaltar a importância da parceria entre o Ministério de Minas e Energia do Brasil e o Departamento de Energia dos Estados Unidos da América. Este momento reflete também a visão estratégica dos governos dos presidentes Lula e Biden, de avançar em soluções para a transição energética que, para nós, deve ser justa e inclusiva”, disse Silveira.
Segundo o ministro, a experiência brasileira em produção de energia limpa e renovável coloca o país na vanguarda na transição energética e o credencia para avançar ainda mais como protagonistas desse processo. A geração de energia elétrica no Brasil é 88% proveniente de fontes limpas e renováveis e a matriz energética total é 50% limpa.
Silveira disse que o encontro era fundamental para a regulação e parceria entre os dois países. “Hoje, aqui em Washington, nos reunimos para compartilhar informações sobre a legislação e regulação dos nossos países. A proposta deste evento é buscar a harmonização dos nossos requisitos regulatórios. Queremos facilitar o comércio e o desenvolvimento da indústria de CCS (“carbon, capture and storage”, captura e armazenamento do carbono) no Brasil e nos Estados Unidos. Para tanto, é importante que tenhamos harmonização da regulação e que haja reconhecimento mútuo do que é feito nos dois países”, disse.
O ministro de Minas e Energia também falou da importância dos investimentos no setor. “Queremos, juntos, investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação para redução dos custos da atividade de CCS. Destaco também a importância das agências reguladoras aqui presentes. Temos trabalhado para fortalecer as agências brasileiras. Primamos pela segurança jurídica e estabilidade regulatória, com regras claras, inovadoras e consistentes. Nossos países possuem em comum democracias sólidas e estabilidade social. Ou seja, terrenos férteis para investimentos sustentáveis e de longo prazo. A parceria entre as empresas brasileiras e norte-americanas, com contratos efetivos, será fundamental. Queremos incentivar investimentos concretos neste setor”, ressaltou.
Durante o evento, Alexandre Silveira destacou o trabalho que está sendo feito no Brasil sobre a neutralidade de carbono. “A captura, utilização e estocagem de CO2 tem grande potencial para desenvolvimento da indústria verde e para o combate às mudanças climáticas. O potencial mais direto dessas tecnologias é a redução das emissões de CO2 provenientes de fontes industriais. Destaco, nesse sentido, que a cadeia do etanol tem grande potencial de captura de CO2 para reduzir, ainda mais, a sua pegada de carbono. Logo, teremos emissão negativa de CO2 proveniente de plantas de etanol com CCS que estão sendo desenvolvidas no Brasil”, disse.
De acordo com o ministro, durante muitos anos, Brasil e Estados Unidos trilham caminhos estruturais na produção e no uso de biocombustíveis. “Ambos os países respondem por quase 90% da produção global de etanol e de biodiesel. Quando nos reunimos em Goa, na Índia, com a secretária Jennifer Granholm, renovamos o nosso compromisso de trabalhar juntos como potências energéticas globais, priorizando a energia limpa. Temos contribuído de maneira decisiva para a mitigação das mudanças climáticas, a partir de políticas públicas assertivas. Estamos focados na aceleração da descarbonização, levando em conta nossas características e potencialidades”.
Outro ponto abordado foi o controle de emissões pela indústria. “O potencial da tecnologia também se estende para setores intensivos em carbono, onde outras soluções são menos acessíveis ou extremamente caras – como as indústrias de cimento, siderurgia e a mineração. O CO2 capturado, além de ser estocado em reservatórios geológicos, pode ser utilizado também na produção de combustíveis sintéticos, produtos químicos e materiais, contribuindo para uma economia circular e de baixo carbono. É a verdadeira indústria verde”, reforçou.
O Combustível do Futuro também fez parte da explanação do ministro, destacando que é uma política pública ousada, com o objetivo de descarbonizar a matriz de transportes e de mobilidade urbana. O programa foi bastante elogiado pelo Departamento de Energia americano, que destacou a oportunidade de aprender com os projetos desenvolvidos no Brasil.
O secretário Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Pietro Mendes, e o secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do MME, Thiago Barral, também participaram do workshop.