Brasil quer ser sócio da Opep ou não?
Mauricio Corrêa, de Brasília —
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, recebeu o secretário geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Haithmam Al-Ghais, nesta quarta-feira, 18 de outubro. No encontro, realizado na sede do ministério, em Brasília, também participaram o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o secretário Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, Pietro Mendes.
Durante a reunião, Silveira destacou a liderança brasileira em tecnologia para exploração e produção em águas ultraprofundas e na captura e estocagem de carbono nos reservatórios do pré-sal. Além disso, o ministro apresentou o mercado de biocombustíveis brasileiro, que já é um dos maiores do mundo, com potencial para crescer ainda mais nos próximos anos, com a adoção de combustíveis como o SAF e o diesel verde.
“O Brasil tem o compromisso com uma transição energética que seja justa e inclusiva, criando oportunidades para a indústria nacional e gerando emprego e renda para a população. Esperamos que todo o mundo também esteja alinhado e comprometido com esses objetivos. O governo do presidente Lula quer investir em sustentabilidade e garantir a segurança do mercado de combustíveis a longo prazo, com preços acessíveis para alavancar o setor produtivo e fazer crescer a economia brasileira. Hoje, podemos dizer que somos o país dos combustíveis renováveis. Os biocombustíveis estão para o Brasil, assim como o petróleo está para a Arábia Saudita”, comparou o ministro.
Silveira tratou, ainda, da exploração na Margem Equatorial, região com o maior potencial exploratório do Brasil, onde estão estimados investimentos na ordem de US$ 56 bilhões. A mudança na política de preços da Petrobras, adotada desde o início do governo do presidente Lula, também foi um dos temas tratados. Essa alteração permite dar previsibilidade ao mercado interno de combustíveis ao abrasileirar os preços, reduzindo a volatilidade que o modelo anterior, que mantinha a paridade internacional, vinha provocando. Foram apresentados, ainda, os planos para desenvolver o hidrogênio de baixo carbono e o projeto de Lei do Combustível do Futuro, encaminhado ao Congresso em setembro.
“O Brasil já é protagonista da transição energética no mundo pela sua pluralidade energética. Nós temos o petróleo, que ainda é uma fonte imprescindível de energia; temos o gás natural, que eu venho lutando para que possamos aumentar a oferta; temos o biodiesel e o etanol. Com o Combustível do Futuro, garantimos mandatos para o diesel verde a combustível sustentável de aviação (SAF) para atrair investimentos em biorrefinarias. Com o advento do hidrogênio verde, nós podemos planejar a próxima década enquanto país autossuficiente na produção de fertilizantes, fazendo justiça à vocação do Brasil como celeiro do mundo para a produção de alimentos”, finalizou.
É possível que a informação mais relevante não tenha sido divulgada pelo Governo no seu comunicado à imprensa. Há muito temspo, a Opep pressiona o governo brasileira para entrar na organização. Embora teoricamente o atual Governo até tenha simpatia pelas propostas da Opep, o fato concreto é que o Brasil não quer provocar os “donos” da economia mundial (Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França e Japão).
Embora tenha se tornado com o pré-sal um produtor expressivo de óleo e gás natural, entrar na Opep é pedir muito para um país como o Brasil, que sequer consegue administrar com segurança uma relação com a China e a Rússia. São as contradições da nossa política externa.