Spic refinancia dívida de São Simão
Da Redação, de Brasília (com apoio da Spic Brasil) —
A Spic Brasil, que opera a Usina Hidrelétrica São Simão, anunciou a conclusão de uma transação financeira pioneira no mercado brasileiro. Na semana de 16 a 20 de outubro, a companhia estruturou captações de recursos, no mercado internacional, junto ao Bank of China, Bocom, Deutsche e ICBC no montante de aproximadamente R$ 1,6 bilhão, com prazos de um a três anos e pagamento de juros trimestrais.
A companhia também contratou operações de derivativos (swaps), no mercado local, com o Itaú, JP Morgan, Bocom BBM e Deutsche a um custo final médio abaixo do CDI. Esses recursos serão integralmente direcionados para capital de giro e pagamento das dívidas com vencimento em outubro e novembro de 2023, garantindo melhoria na liquidez da empresa com uma gestão eficiente de capital e recursos.
Segundo comunicado divulgado pela Spic Brasil, a estratégia mais vantajosa, após uma avaliação no mercado nacional e internacional, envolveu a captação de dívida na China, com a transferência desses recursos para o Brasil e a realização de operações de derivativos (swap) para converter o risco da moeda chinesa para reais, com custo final (após derivativos) abaixo do CDI.
O montante captado pela Spic Brasil Holding foi de equivalente a R$ 385 milhões junto ao Bank of China com prazo de um ano. Além disso, a subsidiária da Spic Brasil, a UHE São Simão, captou cerca de R$ 1,2 bilhão.
O diferencial na transação é que foi totalmente realizada na moeda chinesa, o reenminbi (este é o nome oficial da moeda chinesa. O que se conhece como yuan é uma unidade de conta), em um montante até então inédito entre um banco brasileiro e um banco chinês, intermediado pelo Bocom, com a captação de recursos no exterior no montante de RMB 2,2 bilhões, cerca de R$ 1,6 bilhão, com o custo médio convertidos para reais abaixo do CDI (taxa livre de risco do Brasil). A economia de custo da dívida é superior a R$ 50 milhões ao longo de três anos, demonstrando eficácia nesta estratégia.
“A transação possibilitou à Spic Brasil reduzir significativamente o custo de sua dívida para os próximos anos fruto da concessão da UHE São Simão realizada em 2018, o que contribuirá para melhorar os resultados financeiros da companhia. Além disso, fortalece a posição da empresa no mercado energético brasileiro e abre o cenário para transações semelhantes entre outras instituições, fortalecendo a parceria com a China e o financiamento de ativos e projetos que garantem a segurança energética do Brasil”, ressalta Paulo Dutra CFO da SPIC Brasil.
Alternativas e internacionalização do renminbi
O renminbi, frequentemente abreviado como RMB, é a moeda oficial da República Popular da China. Ele é emitido e controlado pelo Banco Popular da China, o banco central do país. O renminbi é uma das moedas mais amplamente usadas no mundo, e sua internacionalização tem sido uma prioridade para o governo chinês.
Segundo a Spic, no contexto da transação realizada, a utilização do renminbi é significativa, pois representa um esforço para evitar as taxas de câmbio e os custos associados às transações em dólar. Essa estratégia faz parte de uma tendência global em que governos e empresas buscam criar alternativas ao dólar americano nas transações internacionais, com o objetivo de reduzir a dependência dessa moeda.
A Spic possui, no mundo, ativos totais de mais de US$ 230 bilhões e capacidade instalada total de mais de 213 GW. Com ativos que somam mais de 3 GW no Brasil, opera a Usina Hidrelétrica São Simão, na divisa entre os estados de Minas Gerais e Goiás, dois parques eólicos na Paraíba – Millennium e Vale dos Ventos –, tem participação no maior complexo de gás natural da América Latina, o GNA (Gás Natural Açu), em São João da Barra (RJ) e, mais recentemente, entrou para o mercado de geração fotovoltaica com dois parques solares no Nordeste do país, ambos em fase de construção.