Voltalia critica ONS na restrição de geração
Da Redação, de Brasília (com apoio da Voltalia) —
A empresa francesa Voltalia, que opera globalmente em projetos de energia renovável, inclusive no Brasil, distribuiu um comunicado em que critica o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que, na sua visão, está impondo uma restrição pronunciada em certas partes da rede, o que teria um forte impacto nos resultados financeiros de 2024 da empresa, “se for estendido nos próximos meses e se não for compensado financeiramente. A Voltalia está realizando uma série de ações para reduzir a duração dessa restrição e ser compensada financeiramente”.
Segundo a empresa, para um operador de sistema de transmissão, os cortes, chamados tecnicamente de “curtailment”, consistem em limitar a transmissão, por um determinado período, de todo ou parte do potencial de produção de eletricidade de uma usina, a fim de manter a estabilidade da rede de transmissão. “No Brasil, como em outras grandes redes elétricas globais, este tipo de corte tem sido raro nas últimas décadas. No entanto, após um apagão em agosto de 2023, o operador brasileiro começou a limitar uma parte anormalmente alta da produção para minimizar os riscos de instabilidade. À medida que a rede se mostrou estável, o corte diminuiu gradualmente até se tornar marginal no final de 2023”, assinala o comunicado.
Entretanto, a Voltalia observou que se reuniu várias vezes com o ONS, concluindo que “o volume de redução de produção da Voltalia no nordeste da rede pode ser expandido por um período que pode durar vários meses, especialmente devido ao atraso na construção de novas linhas de transmissão para fortalecer a rede no nordeste do país”.
A empresa informou que realiza uma série de iniciativas no Brasil, dentro de um coletivo de produtores de energia e por meio de associações profissionais, visando a eliminação do problema. Além disso, a empresa patrocinou ações judiciais, iniciadas ainda em 2023, que estão em andamento perante os tribunais federais e locais, com a lei prevendo compensação financeira aplicável, em particular, às usinas da Voltalia.
“Discussões construtivas estão sendo realizadas em paralelo, com o operador de rede e as autoridades públicas, a fim de acelerar pelo menos uma parte da compensação financeira e reduzir a duração do atual limite de geração.
A Voltalia está confiante na eficácia dessas medidas, mas é difícil estabelecer um valor preciso para o efeito financeiro da redução de produção no Ebitda de 2024”, reconhece a geradora.
A Voltalia estima que, se o cenário comunicado pelo operador da rede for confirmado, se a Voltalia não for compensada financeiramente e se a taxa de câmbio média para o segundo semestre do ano ficar em torno de R$ 6,00 por um euro, seu Ebitda de 2024 seria reduzido em cerca de 40 milhões de euros.
“No primeiro semestre de 2024, o corte forçado no Brasil foi baixo e está de acordo com as previsões da Voltalia. A Voltalia espera um Ebitda consolidado para o Grupo de cerca de 75 milhões de euros no primeiro semestre de 2024, um aumento de 33% em comparação com o primeiro semestre de 2023. No segundo semestre do ano, o impacto do atual limite de geração de energia seria acentuado pela sazonalidade da produção, que tradicionalmente é maior no segundo semestre do que no primeiro, e pelos recursos eólicos e solares, que se espera que estejam acima da média de longo prazo no segundo semestre de 2024, dados os níveis observados desde o início de julho e as previsões até o final de dezembro pelos institutos de previsão do tempo”, esclarece o comunicado da Voltalia.
A empresa detonou a atuação do ONS em relação ao assunto. “Organizações profissionais que reúnem produtores de energia, como a Voltalia, consideram que a cautela extrema aplicada pelo operador da rede não seria tecnicamente necessária. As consequências econômicas negativas dessa abordagem, com a perda de potencial de produção de eletricidade, seriam, portanto, evitáveis. Além disso, a falta de compensação financeira não está em conformidade com a lei”, destaca o comunicado.
Sébastien Clerc, CEO da Voltalia, declarou: “Embora estejamos surpresos com o anúncio de um nível anormalmente alto de corte forçado no Brasil, estamos confiantes na eficácia das ações coletivas e específicas da Voltalia destinadas a minimizá-lo e a obter compensação financeira. Manteremos nossos acionistas informados à medida que houver progresso.”