Comércio sofre prejuízo com falta de luz
Com mais de 1,4 milhão de endereços ainda sem energia na tarde deste sábado, 12, após o temporal que atingiu São Paulo na última sexta-feira, 11, moradores e comerciantes têm acumulado prejuízos e buscam alternativas para enfrentar o caos provocado pela queda de árvores, falhas em semáforos e interrupção de outros serviços.
No Itaim Bibi, na zona oeste, restaurantes e outros comércios passaram a manhã e a tarde de sábado sem energia. Enquanto alguns locais fecharam as portas, outros optaram por abrir, na esperança de a energia ser restabelecida, apesar de não conseguirem atender os clientes.
Foi o caso do Bar Oliveira, na esquina entre as ruas João Cachoeira com a Pedroso Alvarenga. “Tem almoço aí?”, pergunta um cliente, para o gerente Claudio Bispo, que responde: “Mais ou menos, depende do que seja”. Além de perder clientes, por estar sem funcionar desde às 22 horas de sexta-feira, ele relata a perda de mercadorias.
“Provavelmente teremos de descartar vários produtos, como carnes O freezer de sorvete está perdido. É um prejuízo que não sei nem calcular. E bastante perda de clientes, tivemos de fechar às 22 horas, que é quando o movimento começa. Geralmente fechamos às 2 horas da manhã”, conta.
Ao ligar para a Enel, os comerciantes relatam terem recebido diversas previsões de restabelecimento da energia, que não foram cumpridas.
Situação semelhante relata João de Souza, gerente da My Baker, que está sem energia desde sexta-feira, antes das 20 horas. “Feriado é um dos dias que mais vende, fora a perda de produtos. Temos pães artesanais que perderam a fermentação, tivemos de chamar um caminhão para levar os pães para outro lugar”, diz o comerciante, que aguarda, junto aos demais funcionários, o retorno da energia.
“Não tem como fazer nada. Faturamento zero, só prejuízo. E tem que pagar os funcionários 100%”, completa.
No Alto da Boa Vista, na zona sul, os moradores montaram uma rede de solidariedade, conta o vice-presidente da Associação de Amigos do bairro, Guilherme Rodrigues Alves. Os vizinhos se dispõem a carregar celulares e compartilhar o wi-fi de áreas que não foram atingidas, além de cortar ou mover madeira de casas e ruas atingidas.
“Estamos sofrendo uma mudança climática que tem cada vez mais eventos extremos, mas as árvores são importantes e precisamos cuidar delas. É preciso um programa de saneamento para entender qual é o estado da árvore”, afirma Rodrigues Alves. “Tem que tentar resolver para que a gente conviva (com as árvores), porque a gente precisa delas”, disse.