“GT Chapa Branca” faz primeira reunião
Maurício Corrêa, de Brasília —
O Ministério de Minas e Energia (MME) realizou, nesta quinta-feira, 13 de março, a primeira reunião do “GT Chapa Branca”, o grupo de trabalho criado pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) para tentar encontrar soluções que possam mitigar os impactos causados pelos cortes de geração de energia renovável, prática conhecida como “curtailment”.
O “GT Chapa Branca”, aliás, iniciou as suas atividades no mesmo dia em que uma das empresas mais afetadas pelo “curtailment”, a francesa Voltalia, divulgou os resultados do seu balanço, mostrando os impactos das restrições operativas feitas pelo ONS/MME (veja a manchete deste site).
O apelido de “GT Chapa Branca” é muito sugestivo e foi dado por agentes do mercado em conversa com este editor, pois o grupo é integrado apenas por técnicos que trabalham para o governo ou para as áreas institucionais vinculadas ao MME.
Para tentar desfazer essa péssima recepção dada pelo agentes ao “GT Chapa Branca”, caracterizada por um apelido de natureza pejorativa, o MME esclareceu, através de nota disponibilizada na sua homepage, que “ficou decidido, em consenso, que haverá agendas com as associações setoriais mais representativas sobre o tema”. Ou seja, não se sabe quando exatamente, mas o “GT Chapa Branca” prometeu ouvir representantes das associações empresariais. Será interessante acompanhar essas agendas, pois algumas associações também são absolutamente “Chapa Branca”.
Outras deliberações tomadas pelos integrantes do “GT Chapa Branca”, na primeira reunião, foram a formulação de um plano de trabalho e um nivelamento sobre as regras e procedimentos atualmente utilizados para o corte de geração. Os encontros ordinários serão semanais e, preferencialmente, online.
Segundo o MME, os cortes de geração renovável ocorrem por razões elétricas, de confiabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN) e de suas áreas elétricas ou por insuficiência de consumo para fazer frente à geração instantânea. As ações do grupo envolverão o aumento da transparência das informações relacionadas, a ampliação e reforços da rede de transmissão, a indicação de novos compensadores síncronos (equipamentos que aumentam a confiabilidade do sistema) para a região Nordeste, a antecipação de obras de linhas de transmissão, os aperfeiçoamentos dos modelos dinâmicos das usinas renováveis e da metodologia de corte e da programação e avaliações sobre utilização de sistemas de armazenamento de energia.
O apelido dado pelo público tem uma razão: o “GT Chapa Branca” é totalmente integrado pelo pessoal que trabalha para o Governo. O grupo é coordenado pela Secretaria Nacional de Energia Elétrica (SNEE) do MME e conta com a participação da Secretaria-Executiva (SE/MME), da Secretaria Nacional de Transição Energética e Planejamento (SNTEP/MME), da Subsecretaria de Assuntos Econômicos e Regulatórios (SAER/SE/MME) e da Assessoria Especial de Assuntos Técnicos (AETEC/GM/MME).
Além das áreas da pasta, também haverá representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Mais “Chapa Branca” do que isso, impossível.
