Qual é a do modelo do setor elétrico?
Nesta semana que começou em 11 de janeiro, o setor elétrico teve várias notícias boas em relação à garantia de suprimento de energia. Enquanto a CCEE divulgou que o consumo caiu 9,6% nos primeiros 10 dias do ano, comparando-se com o mesmo período de 2015 (é uma notícia ruim para a economia em geral, mas boa para a garantia de suprimento de energia elétrica), o ONS mostrou-se extremamente otimista quanto às projeções de abastecimento e até mesmo o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE, que as más línguas enxergam como uma espécie de grupo avançado do Operador dentro do Ministério de Minas e Energia) garantiu que não faltará energia no Sul, Sudeste e Centro-Oeste ao longo de 2016.
Só notícia boa. O que ninguém consegue explicar é por que, nesta sexta-feira, 15 de janeiro, estavam ativados pelo ONS 15.355 MW médios de energia termelétrica, equivalentes a 90% da capacidade instalada de todas as térmicas do País. Na região Sul, por exemplo, onde se está jogando água fora dos reservatórios, tem térmica operando com custo de R$ 459,62 por MWh, enquanto no Nordeste o ONS acionou térmica de R$ 556,28 por MWh.
Ninguém desconfia da competência do pessoal do ONS. Trata-se de um grupo de excepcional qualidade técnica. O que alguns contestam é por qual razão se insiste tanto em um modelo matemático que já deu o que tinha o que dar. Se tem água sobrando — e é o próprio Governo que diz isso, ao garantir que não faltará energia — como que se justifica, afinal, o acionamento de mais de 15.000 MW médios de térmicas? Será que não está na hora de se parar para pensar que o modelo atual não está mais em condições de formar preço para a energia elétrica?