Bandeira tarifária e populismo
Na entrevista coletiva concedida no início da noite desta quinta-feira, 25 de fevereiro, quando anunciou a bandeira tarifária da cor verde a partir de abril, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, mostrou que é possível ser realista na área de energia elétrica, sem precisar enveredar pelo mundo do populismo, como alguns fizeram no passado recente. Ele mencionou as razões pelas quais o Governo adotaria a bandeira verde e admitiu que, se em algum momento, as condições se alterarem o Governo aplicará novamente a bandeira amarela ou vermelha, sem choro e nem vela.
O nome disso, para quem não sabe, é realismo tarifário. O ministro Braga só assumiu o MME em janeiro de 2015, mas vale lembrar que as cores das bandeiras foram instituídas em abril de 2013 e deveriam entrar em atividade a partir de janeiro de 2014. Em dezembro de 2013, surpreendentemente, a Aneel — que tanto defendia o uso das bandeiras — adiou a vigência para 1º de janeiro de 2015.
Essa decisão foi parte de um pacote de populismo no setor elétrico, ao qual a Aneel teve que se curvar. As bandeiras foram adiadas porque havia gente graúda dentro do Governo que temia o impacto do preço da energia elétrica na inflação e 2014 era um ano eleitoral. A outra parte mais tenebrosa desse pacote populista foi a tentativa de reduzir o preço da energia na base do chicote.
Todo esse populismo deu no que deu: em um momento que os reservatórios estavam em péssimas condições de armazenamento e que era fundamental economizar energia, o Governo se negou a reconhecer a necessidade de racionamento, diminuiu o preço da conta de luz na base do murro na mesa e impediu o uso das bandeiras no momento adequado. O consumidor recebeu um sinal de preço equivocado por parte do Governo e se deliciou com isto. O ar condicionado em Jacarepaguá, no Rio, ficava ligado o dia inteiro, pois a conta de luz era baratinha que era uma beleza.
O resto da História todo mundo conhece e ainda estamos pagando por esse instante de irresponsabilidade e loucura. Hoje, o ministro Eduardo Braga, com muita tranquilidade, jogou uma pá de cal no populismo. Em poucas palavras, ele reconheceu que a bandeira será verde e que poderá voltar a ser amarela ou vermelha, se for necessário. Simples assim.