Alegrias e tristezas
Os ministérios do Turismo e de Minas e Energia dividem, em Brasília, o mesmo prédio na Esplanada dos Ministérios. Durante todo o dia é um entra-e-sai de engravatados e senhoras elegantes que são recebidos em audiências pelos ministros Henrique Alves e Eduardo Braga ou pela burocracia qualificada das duas pastas. Muitas vezes os jornalistas precisam ficar na portaria para saber de quem está saindo como foram as conversas nos gabinetes. Às vezes essas pessoas são desconhecidas pois não estão habituadas ao dia a dia da Capital Federal.
Mas com o tempo desenvolveu-se um método infalível para saber em qual ministério um desses eventuais desconhecidos estava tendo audiência. Se o engravatado ou a senhora elegante saem do prédio sorridentes e felizes da vida, é porque acabaram de ser recebidos pelo Ministério do Turismo, onde tudo é glamour, viagens, alta gastronomia, hotéis e belas paisagens, sem contar esse ato civilizatório que está próximo, que é a autorização para que o País tenha cassinos.
Em compensação, se o engravatado ou a senhora elegante saem tristes, cabisbaixos e com vontade de desaparecer nas próximas horas é porque acabaram de deixar o Ministério de Minas e Energia, onde a pauta é só tristeza. Além das confusões do dia a dia da Petrobras, as indústrias querem pagar menos pela energia; geradores querem vender mais caro; os distribuidores querem ter o direito de devolver aos geradores a energia já contratada e não distribuída; os comercializadores querem ampliar o mercado e tirar clientes dos distribuidores; empresas quebradas não querem ser sancionadas pelo Estado; desastre ambiental em Minas Gerais e Espírito Santo, sem contar o risco constante de apagões no setor elétrico. E por aí vai. Não se sabe se os dois ministros ganham a mesma coisa, mas até que Eduardo Braga talvez merecesse um adicional, em função da pauta, que tem sido muito indigesta.