Balbina: de desastre a solução
Da Redação, de Brasília (Com apoio do MME) —
Conhecedor dos assuntos amazônicos, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, resgatou uma parte relevante da história do setor elétrico, neste final de semana, ao participar do lançamento do primeiro projeto de exploração de energia solar em lagos de hidrelétricas, na usina de Balbina, no Amazonas.
O ministro reconheceu que a construção de Balbina representou “um dos maiores crimes ambientais que a engenharia já cometeu neste país. Como mitigar o custo deste crime? Melhorando a relação custo/benefício desta usina”.
De fato, inaugurada em 1980, quando a ditadura militar asfixiava a oposição e não precisava ouvir ninguém para cometer as suas barbaridades, a usina de Balbina tem uma capacidade instalada de apenas 275 MW, mas formou uma área alagada de 2.360 km2.
Para se fazer uma comparação, a usina de Três Marias, no rio São Francisco, inaugurada em 1962, quando também não havia uma consciência ambiental disseminada como nos dias de hoje, tem capacidade instalada de 400 MW e o seu lago, que é imenso, tem menos da metade do tamanho do lago de Balbina, ou seja, 1.040 km2.
O projeto-piloto da usina solar instalada em flutuadores, em Balbina, por enquanto não passa de uma experiência e tem apenas 64 m2. Entretanto, depois que todas as questões científicas estiverem devidamente equacionadas, poderá se transformar em uma mega-usina com capacidade instalada de 300 MW, em condições inclusive de superar a própria capacidade da hidrelétrica que motivou a formação do lago.
Em Balbina, o ministro também anunciou que o Brasil deverá intensificar o uso de energias híbridas, especialmente em regiões remotas que dependem de geradores movidos a óleo diesel, e complementar esses sistemas com fontes renováveis de custos menores de operação, especialmente eólica e solar. Isso ocorrerá, por exemplo, na comunidade indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, onde os ventos serão aproveitados para gerar energia para os índios, barateando o custo do megawatt hora e permitindo um menor uso de diesel.