Imbassahy faz sombra para Bezerra Coelho, no MME
Maurício Corrêa, de Brasília —
Como o mundo da política é absolutamente cruel, nesta quinta-feira, 08 de dezembro, tão logo surgiram as primeiras informações dando conta que o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Antônio Imbassahy (PSDB-BA), será indicado pelo presidente Michel Temer para o ocupar o lugar do ex-ministro Geddel Vieira Lima, na Secretaria do Governo, também apareceram os comentários no sentido que o novo ministro poderá representar uma ameaça para seu colega de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho.
Não é para menos. Afinal, embora seja um parlamentar competente e que gosta da política, Imbassahy é formado em Engenharia Elétrica e presidiu a distribuidora Coelba e, mais tarde, a própria holding estatal Eletrobras. No Congresso, é um dos principais interlocutores dos agentes do setor elétrico, de todos os segmentos. Segundo vários comentários, o presidente Temer agora deverá ter ao seu lado, na Secretaria de Governo, alguém que conhece energia elétrica muito mais do que o próprio ministro de Minas e Energia.
O raciocínio é um pouco confuso, considerando que o ministro de Minas e Energia, mesmo sem ser um especialista na área (é verdade que, nos vários meses em que ocupa a Pasta talvez já tenha aprendido alguma coisa), tem feito boa gestão, abrindo o MME ao diálogo com os vários segmentos da área de energia elétrica. Também sob sua orientação está ocorrendo uma grande transformação no mercado de gás natural, depois de décadas em que o assunto era monopólio da Petrobras.
O ti-ti-ti faz sobrar até mesmo para o secretário executivo da Pasta, Paulo Pedrosa, que não tem nada com isso. Embora seja extremamente leal ao ministro Fernando Bezerra Coelho Filho, tendo dado publicamente inúmeras demonstrações nesse sentido, Pedrosa é um especialista originário do PSDB, tendo sido seu secretário executivo nacional, na época do presidente Fernando Henrique. Na concepção atual do MME, como o titular não é profundo conhecedor dos assuntos técnicos, cabe a Pedrosa, na prática, a tarefa de conduzir o ministério tecnicamente, enquanto o ministro assume a condição política.
É um arranjo que tem dado certo em todos os meses desde o início do Governo Temer, mas que agora, com Imbassahy no Palácio do Planalto, muito próximo do presidente da República, geraria uma situação relativamente desconfortável para o ministro de Minas e Energia, que ficaria meio empastelado entre dois especialistas em energia elétrica do tucanato. Um que é do partido (Imbassahy) e um que já foi e que ainda continua muito ligado, por laços de amizade, a vários senadores e deputados (Pedrosa).