350.org comemora decisão da Irlanda
Da Redação, de Brasília (Com apoio da 350.org) —
Enquanto países como Irlanda e Costa Rica anunciam o desinvestimento completo em combustíveis fósseis, o Brasil segue aprovando mais subsídios à indústria do petróleo. Esta é a visão da 350.0rg, lembrando que, em um feito histórico, o Parlamento da Irlanda acabou de aprovar, nesta quinta-feira, 12 de julho, a Lei do Desinvestimento em Combustíveis Fósseis, tornando-se o primeiro país do mundo a retirar totalmente o dinheiro público da indústria de combustíveis fósseis. O projeto de lei exige que o fundo soberano da Irlanda, o Irish Strategic Investment Fund, de $8 bilhões de Euros, abandone todos os investimentos em carvão, petróleo e gás nos próximos cinco anos.
Segundo a 350.org, o anúncio veio poucos dias depois do forte apelo do Papa à ação climática em uma conferência de dois dias realizada no Vaticano e no final de uma semana repleta de anúncios de desinvestimento. Os compromissos incluem o desinvestimento total de uma das faculdades da Universidade de Cambridge e a decisão da Igreja da Inglaterra de se desfazer dos combustíveis fósseis até 2023 caso as empresas nas quais ela investe não tomem medidas para cumprir o Acordo de Paris.
“A decisão da Irlanda é uma grande vitória para a campanha do desinvestimento. Os anúncios desta semana, vindos de igrejas, universidades e agora o primeiro desinvestimento completo por parte de um governo nacional, mostram que romper os laços com as empresas de combustíveis fósseis está se tornando a nova norma. Investir nelas nunca foi moralmente correto e agora tampouco é economicamente viável. A única maneira de reverter a crise climática é parar de financiar a indústria fóssil, apoiando o aumento significativo das energias renováveis”, disse Nicolò Wojewoda, diretor da 350.org na Europa.
Para a 350.org, enquanto outras nações avançam, países como o Brasil seguem o caminho contrário, implementando políticas energéticas atrasadas e aprovando retrocessos legislativos que subsidiam ainda mais as grandes empresas multinacionais do petróleo e gás, ao invés de incentivar o crescimento e fortalecimento das energias renováveis, com fontes abundantes como eólica e solar.
“Esse é um momento crucial para o mundo, onde as escolhas dos governantes irão ditar o futuro de populações inteiras e da própria humanidade. Os países latinos devem se inspirar no exemplo da Costa Rica e seguir o caminho da transição energética. O mercado das energias renováveis cresceu muito nos últimos anos, com tecnologias mais acessíveis e disponíveis, com geração de empregos, justiça social e sustentabilidade ambiental. Temos que aproveitar essas oportunidades e não ficar presos a padrões do passado. As pessoas devem sair de suas zonas de conforto e cobrar verdadeiramente as autoridades eleitas, pois só a pressão popular pode mudar o caminho sem volta para o qual se dirige o planeta”, afirmou Nicole Oliveira, diretora da 350.org América Latina.
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