Um bilhão a mais é mero detalhe
Maurício Corrêa, de Brasília —
Nada como uma eleição dentro de 70 dias e um grupo de empresários patriotas apenas interessados no bem do Brasil.
Desde a gestão passada no Ministério de Minas e Energia, alguns empresários têm pressionado as áreas técnicas e políticas da Pasta na tentativa de realizar um leilão de térmicas na região Nordeste.
Não conseguiram sucesso na gestão passada e agora estão intensificando o lobby, sob o argumento altamente questionável que há risco de desabastecimento de energia elétrica no País, o que é uma bobagem.
Afinal, a economia está na lona e mesmo que seja iniciado um novo período de recuperação, ainda vai demorar um pouco para se comprometer o abastecimento.
Essa turma tem grande poder de convencimento, principalmente em um ano de eleições e aproveitando que o governo atual é fraco e, ao mesmo tempo, é muito sensível e se rende a diversos argumentos estranhos com relativa facilidade.
A EPE já embarcou na tese, o ONS ainda desconfia dela e no MME o assunto já está sendo oficialmente discutido.
O pobre do consumidor que se cuide. O argumento dos interessados nesse tipo de negócio é que não existirão pressões sobre o Tesouro Nacional. Lógico.
Calcula-se que o custo dessa energia térmica, se for aprovado o leilão, vai mais uma vez para o bolso dos consumidores e não para a conta dos contribuintes. E não se trata de pouca coisa: numa conta de padeiro, algo em torno de R$ 1 bilhão.