Governadores têm medo de privatizar
Maurício Corrêa, de Brasília —
O governador Ratinho, do Paraná, disse que não abre mão do controle da Copel e que a empresa não está à venda. É no minimo curiosa, para não dizer outra coisa, a forma de pensar dos governadores, que se recusam a abrir mãos das empresas estatais na hora de acertar as contas estaduais.
Um exemplo é o Rio Grande do Sul, que está falido há muito tempo. Mas ninguém fala em vender o Banrisul ou a CEEE. Como os demais estados em situação crítica, o Rio Grande do Sul joga a responsabilidade para cima do Tesouro Nacional.
Santa Catarina tem a Celesc, da qual é possível se descartar, mas é fundamental para a classe política local manter o controle acionário da Celesc. Minas Gerais talvez seja o estado mais emblemático dessa situação. O tesouro estadual está completamente quebrado, mas seria uma heresia política, na visão dos políticos mineiros, privatizar a Cemig.
Ou seja, todos esses governadores são uns folgados. Não querem correr o risco político de se desfazer de suas estatais, para cobrir os gastos estaduais, e ficam passando o prato em Brasília em busca de uma solução.
Quando se é uma pessoa física e por alguma razão ela quebra, ninguém tem dúvidas. Chegou a hora de cortar gastos, vender carro, imóveis, ações ou moeda estrangeira, para acertar o passo. O próprio governo federal segue essa cartilha. Está aí o exemplo do ministro Paulo Guedes, que pretende raspar o fundo do tacho, visando ao equilíbrio das contas públicas.
Mas as belezinhas dos governadores não podem correr riscos políticos. Têm medo de serem acusados, na próxima eleição, de ter vendido essa ou aquela estatal, embora o objetivo seja nobre, de pagar as contas. Então, fica essa brincadeirinha. Os governadores não demitem servidores, não cortam gastos e não vendem ativos do Estado. Na maior cara de pau, transferem as responsabilidades para o Governo Federal, para que este encontre uma solução no BNDES ou no Tesouro Nacional, que é formado pelos contribuintes de todo o País.