Exemplo de retrabalho e descontinuidade
Maurício Corrêa, de Brasília —
O Ministério de Minas e Energia acaba de dar um belo exemplo de retrabalho e descontinuidade administrativa, que, aliás, não configura um erro do ministro Bento Albuquerque e sua equipe. A culpa é do processo político, cheio de altos e baixos, de idas e vindas, no qual os responsáveis não tomam as decisões e as coisas ficam envelhecendo nas gavetas, sem seguir o caminho que deveriam seguir.
Agora, o MME anunciou a criação de um grupo de trabalho cuja atribuição será aprimorar as propostas de modernização do setor elétrico. Esse “aprimorar” é um eufemismo. Na prática, o MME quer é revisar as premissas da Consulta Pública 33, que ficou concluída ainda na gestão do então ministro Fernando Coelho Filho.
Essa proposta, que altera o modelo comercial do setor elétrico brasileiro e vira algumas coisas de ponta cabeça, ficou deliberadamente adormecida nas gavetas oficiais durante toda a gestão do então ministro Moreira Franco. Agora, o ministro Bento quer tocar o assunto para a frente, mas, passado tanto tempo, é natural que ele queira avaliar se alguma coisa ficou ultrapassada ou se é possível ainda buscar uma convergência entre os segmentos que disputavam quase no tapa algumas conclusões daquela consulta pública.
Mário Luiz Menel da Cunha, coordenador do Fórum das Associações Empresariais do Setor Elétrico (Fase), discorda da conclusão deste site, que o GT criado pelo MME seja “um belo exemplo de retrabalho e descontinuidade administrativa”. Ele prefere ver o aspecto positivo da coisa e elogia a decisão do ministro de Minas e Energia, que resolveu tirar a poeira da CP 33.
“Essa consulta pública foi um belo trabalho, no qual os agentes se envolveram de corpo e alma. Infelizmente, por circunstâncias que são até naturais na política empresarial, as gestões anteriores não conseguiram superar as divergências surgidas em torno da CP. Mas trata-se de uma proposta que tem muitos méritos e não pode ser simplesmente ignorada. Tenho a certeza que o GT reexaminará a questão buscando a convergência que ficou faltando. Ponto para o MME”, disse Menel.