E aí, Cemig, qual é a sua?
Maurício Corrêa, de Brasília —
A batata está assando para o lado da Cemig, que não está cumprindo as suas obrigações de entregar energia a quem dele necessita na área de concessão.
A Aneel está de olho, mas, também, a classe política. Nos próximos dias, a Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, em Brasília, inclusive deverá se organizar na forma de uma audiência pública para conhecer mais detalhadamente o que se passa com a empresa mineira que, em outra encarnação, já foi uma das jóias da coroa do sistema elétrico brasileiro.
Só que essa empresa, que já foi emblemática do SEB, hoje não passa de um retrato na parede. E como dói, como dizia o poeta.
Por exemplo: um grande consumidor do setor agroindustrial, da região de Patos de Minas, há meses, para cumprir seus contratos, gasta cerca de R$ 1 milhão por mês com geração térmica alternativa, pois a Cemig não tem condições para fazer a conexão do consumidor à rede de distribuição. Verdadeiro absurdo.
Mas como se nada disso estivesse acontecendo, a Cemig anuncia a criação de uma empresa de geração distribuída, com investimentos previstos da ordem de R$ 337 milhões, destinados à construção, em poucos meses, de 32 usinas solares fotovoltaicas em 17 municípios mineiros.
Ou seja, a Cemig precisa com urgência definir as suas prioridades. O que ela quer ser? Qualquer que seja o seu objetivo estratégico, o fundamental é que o seu consumidor seja atendido. Não adianta ficar se jogando em projetos mirabolantes, se não consegue efetivar uma simples ligação de um consumidor que acreditou no potencial econômico do Estado, investiu uma grana em projeto agroindustrial com tecnologia refinada e agora é obrigado a comprar energia térmica para ligar as suas máquinas.
Isso, caso os dirigentes da Cemig não saibam, se chama Custo Brasil.