É preciso acreditar no Brasil
Maurício Corrêa, de Brasília —
Há algum tempo, observa-se um estranho movimento no Brasil. A economia, aparentemente, descolou do dia a dia da política.
Desde a gestão calamitosa da presidente Dilma, verifica-se que os brasileiros, na sua absoluta maioria, não estão nem aí para o mundo político.
Descobrimos, com enorme satisfação, que o País não é tão medíocre quanto a sua classe política e, por que não?, inclusive certos integrantes do Poder Judiciário. O Brasil é muito melhor do que essa turma, que contribui pouco e gasta muito.
Agora, por exemplo, repete-se o fenômeno Dilma, com sinal trocado, de um presidente da República absolutamente desqualificado para a função e que não sabe sequer elencar prioridades. Se perde diariamente no meio de picuinhas familiares e partidárias, muitas das quais, aliás, inexplicavelmente criadas por ele mesmo.
Dentro do Congresso, Suas Excelências, os nobres senadores e deputados, se preocupam apenas em defender os respectivos interesses paroquiais e não estão preocupados com o País como um todo. Também perdem muito tempo e energia com situações que só causam perplexidade ao restante da população brasileira.
Os congressistas vivem literalmente no mundo da lua, com seus milhares de assessores bem-pagos e quase sempre inúteis. Dizem que esse é o custo da democracia. Se for, paciência. Temos a obrigação de melhorar na próxima eleição.
Entretanto, o Brasil real, aquele que pulsa, que trabalha, que paga os impostos e que verdadeiramente é diferente do mundo político, felizmente tem outras prioridades. O mais incrível é que apesar de toda a mediocridade gerada pelo mundo político, as pessoas mantêm os pés no chão e acreditam no Brasil. Acreditam que o País pode melhorar, apesar “deles”, aqueles que mamam em várias tetas e são absolutamente inúteis.
Um exemplo da diferença entre o Brasil real e o Brasil dos políticos sem dúvida foi o Leilão A-6, realizado na última sexta-feira, dia 18 de outubro. Enquanto o mundo político transborda de pessimismo, de acordo com os dados da CCEE, o resultado do leilão foi espetacular, com R$ 44 bilhões em contratos, equivalentes ao montante de 250.148.822 MWh de energia. Essas contratações viabilizam o investimento de R$ 11,2 bilhões. Para um País cuja economia está estagnada há bastante tempo, trata-se de ótima notícia.
Os números do leilão mostram, como disse o presidente do Conselho de Administração da CCEE, Rui Altieri, “uma clara sinalização da expectativa de aumento de demanda por energia, vislumbrando uma retomada econômica do país”. Não poderia existir notícia melhor do que essa.
No último dia 15, ao noticiar a realização do leilão, este editor assinou uma nota com o título “PCH´s: chance única e imediata para o Brasil”, manifestando que o dia 18 de outubro seria uma ótima oportunidade para que os agentes econômicos pudessem compreender que havia no leilão uma chance bastante singular para que o País pudesse se transformar em um grande canteiro de obras.
De alguma forma, o texto foi profético, pois de fato o leilão resultará em obras relevantes em várias partes do Brasil, pois foram contratados empreendimentos em todos as regiões, com destaque para Bahia (26), Rio Grande do Norte (14) e Santa Catarina (11), como mostrou a CCEE.
No caso específico das PCH´s, no leilão essa modalidade de geração alcançou o seu melhor resultado em muitos anos. Os 19 empreendimentos de PCHs tiveram o preço médio final de R$ 232,72/MWh somando 253,64 MW de potência e 143,93 MW médios de garantia física.
“Não se tem um resultado como esse há muito tempo”, comemorou, eufórico, o empresário Walfrido Avila, do Grupo Tradener, que opera em comercialização e geração de energia. A Tradener vendeu três projetos de PCH´s no leilão, somando 21 MW médios de energia, em usinas que serão construídas no rio São Bartolomeu, nas imediações de Brasília, representando investimentos da ordem de R$ 400 milhões.
“Sem dúvida, foi um ótimo resultado para o nosso segmento”, também comemorou Paulo Arbex, presidente executivo da Associação Brasileira de PCH´s e CGH´s.