Maurício Corrêa termina trilogia
Vivendo um momento da vida, aos 70 anos de idade, em que muitas pessoas já estão entregando os pontos e desistindo dos seus projetos pessoais, o jornalista Maurício Corrêa, de Brasília, costuma dizer que está apenas começando.
Ele acaba de publicar uma trilogia romanceada sobre a resistência armada ao regime militar, que começou no ano passado com a publicação de “Há um débito em seu nome” e foi recém-completada com o duplo lançamento de “O militante tem medo” e “Sob as estrelas de Alto Paraíso”. As três histórias, que totalizam 740 páginas, são independentes, ou seja, não são sequenciais e foram publicados pela Editora Ramalhete, de Belo Horizonte.
Jornalista veterano, que passou por várias redações, inclusive as sucursais de Brasília de grandes jornais nacionais como “Jornal do Brasil”, “Gazeta Mercantil”, “Folha de São Paulo” e “Estadão”, sempre na cobertura de infraestrutura, Maurício ainda trabalha como profissional da mídia. Ele hoje edita o site especializado “Paranoá Energia”.
Na sua visão, foi uma luta desigual. “As forças armadas eram despreparadas, mas eram constituídas por profissionais. No grupo dos resistentes havia muita gente idealista, que nunca tinha atirado sequer com uma espingarda de ar comprimido. Sem contar, que houve forte infiltração de alcaguetes, que davam o serviço para a Polícia ou o Exército. A segurança desses grupos revolucionários era péssima e foi relativamente fácil para as forças de segurança acabar com eles. Meus livros tentam contar um pouco dessa história, sob o ângulo da ficção”.
“Não escrevi uma tese sociológica ou histórica. Isso é trabalho para os acadêmicos e existem ótimos estudos nessa direção. Apenas parti de alguns fatos conhecidos para tentar contar três histórias de ficção, com algum conteúdo autobiográfico, dentro do mesmo contexto político. O Brasil perdeu muita gente boa nesse processo de radicalização ao qual muitos foram levados, a partir do final dos anos 60, devido à absoluta falta de diálogo provocada pela ditadura. É um momento de ruptura da nossa História que merece uma reflexão especial por parte de todos nós, principalmente hoje, quando muitos brasileiros flertam abertamente com o autoritarismo. É importante manter o sistema democrático e evitar que as novas gerações tenham que viver as arbitrariedades de uma nova ditadura”, disse o autor.