Chega de “esclarecimentos” do MME
Maurício Corrêa, de Brasília —
Alguém precisa explicar ao ministro Bento Albuquerque e seus assessores, muitos dos quais também originários da Marinha, que há uma diferença muito grande entre o mundo civil e o mundo da caserna.
No mundo militar, manda quem pode e obedece quem tem juízo. No mundo civil, existe algo chamado divergência e divergir de alguém em alguma coisa não é a mesma coisa que contestação. A divergência é própria do jornalismo.
Agora virou moda no Ministério de Minas e Energia. Para qualquer vírgula que sai na imprensa e que não agrada aos grandões do MME, a Pasta distribui um texto enorme, denominado “Esclarecimento”, dando a sua versão para o fato.
É bom dizer ao MME que, com todo o respeito ao pessoal da Comunicação, que é obrigado a distribuir essas bobagens, que ninguém liga a mínima para esses tais “esclarecimentos”. É perda de tempo e, desculpem o trocadilho, de energia, escrever esses textos gigantescos, apenas porque alguém que se sente mais iluminado do que outros discorda desse ou daquele ponto de vista de algum jornalista.
Já está passando da hora de a turma da Armada, que está ancorada no MME há três anos, saber que é normal ter visões diferentes. A mídia jamais pensará igual ao Poder. Logicamente, se algum jornalista estiver escrevendo uma barbaridade, carregada de mentiras, aí, sim, o MME nem precisa explicar nada. Pede uma correção e, se não ocorrer, processo em cima. Mas discordar de enfoques, como tem acontecido a cada dia, faz tempo, isso é o atraso do atraso. Nem na ditadura militar existia isso.
Então, MME, vamos baixar a bola e conversar um pouco mais. E parar com esses tais “esclarecimentos”, porque todo mundo que cobre a área já é crescidinho, alguns já têm até netos, e não precisamos levar puxões de orelha como está no “esclarecimento” divulgado nesta quinta-feira, 03 de fevereiro, às 18h18m.