Embaixada na Argentina terá ex-MME
Maurício Corrêa, de Brasília —
O presidente da República encaminhou ao Senado Federal o nome do diplomata Hélio Vitor Ramos Filho para ocupar o cargo de embaixador do Brasil na Argentina. Ele é o atual embaixador do Brasil na Itália.
Ramos Filho tem uma trajetória de sucesso na carreira diplomática. Entre outros cargos, foi conselheiro nas embaixadas do Brasil em Washington e Lisboa, além de cônsul-geral em Miami (EUA).
O que pouca gente sabe é que o embaixador está ligado à história do setor elétrico brasileiro e não é por um bom motivo.
Logo no início do segundo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, ocupou a chefia de Gabinete do ministro de Minas e Energia, Rodolpho Tourinho.
Não era relevante o fato de ser um profissional sem experiência no setor elétrico, pois a posição de chefe de Gabinete de um ministro tem mais um caráter burocrático, como responsável pela organização do gabinete. Sem dúvida, para essa função Hélio Vitor Ramos Filho estava qualificado.
Só que, tempos depois, sabe-se lá como, ele virou secretário-executivo do MME e, nessa condição, contribuiu bastante para a situação que meses depois levou ao racionamento.
Naquele momento, o MME viveu uma situação inusitada. O ministro Tourinho era um executivo bastante qualificado para o mundo financeiro ou tributário, mas pouco entendia sobre o setor elétrico. E o seu secretário-executivo, diplomata de carreira, tinha o mesmo perfil. Ou seja, na cúpula, o MME, uma Pasta rigorosamente técnica, tinha como responsáveis dois personagens que pouco entendiam do que acontecia na área.
A forte crise hídrica da época deu uma mãozinha e chegar ao racionamento foi apenas um passo para o desastre total. Inclusive, quando Tourinho foi demitido, o atual embaixador Hélio Ramos Filho assumiu a titularidade da Pasta, no período entre 23 de fevereiro e 13 de março de 2001, quando passou o cargo ao ministro José Jorge.
O racionamento de energia elétrica começou em junho de 2001, ou seja, foi tomando forma e encorpou durante a caótica gestão de Tourinho/Ramos Filho à frente do MME.
O site “Paranoá Energia” não tem duvida que, como embaixador, Ramos Filho é a pessoa certa no lugar certo. O que certamente não aconteceu durante a sua infeliz passagem pelo MME.
O palacete da embaixada brasileira em Buenos Aires tem importância histórica, mas nem se compara com o Palazzo Pamphili, situado na Piazza Navona, em Roma, uma obra-prima do barroco italiano. Em compensação, a embaixada brasileira em Buenos Aires é muito mais importante, sob o aspecto político, do que a de Roma. Ramos Filho, portanto, está sendo promovido. O “Paranoá Energia” lhe deseja sucesso no novo posto.