Mais um abacaxi no setor elétrico
Maurício Corrêa, de Brasília —
Um abacaxi gigantesco nasceu no setor elétrico e ninguém sabe dizer o que poderá acontecer com ele. Pois não se trata de um abacaxi doce, daqueles produzidos na iha de Marajó. Ao contrário, é uma fruta azeda, difícil de ser digerida. Mais uma concessionária de distribuição de energia elétrica está abrindo o bico.
Foi um dos assuntos comentados em voz baixa, no jantar de final de ano da associação dos distribuidores de energia elétrica, a Abradee, realizado nesta quarta-feira, em Brasília.
Só que, ao contrário da Enel Goiás, que naufragou, mas conseguiu se agarrar aos botes salvavidas lançados pela holding Equatorial e agora tem boas perspectivas para sair da confusão, desta vez a coisa está mais complicada.
Nem mesmo a Equatorial, que se especializou em comprar empresas quebradas, aplicar um tratamento de choque e tocar o negócio para a frente, se interessou em ficar com essa distribuidora. Este site apurou que a Equatorial olhou os livros e piscou. O troço é feio demais e a Equatorial simplesmente desistiu de botar dinheiro num negócio que é mais do que altamente arriscado.
Tudo indica que o problema vai cair no colo da Aneel, pois os consumidores não podem ficar sem energia elétrica e alguém precisará garantir o suprimento e administrar o abacaxi. Aí, a agência reguladora vai seguir o manual e a empresa deverá ficar sob intervenção federal.
A não ser que apareça um grupo empresarial que queira ajudar o Brasil e absorver o prejuízo. Às vezes, um razoável empréstimo de bancos federais, a juros baratinhos, ajuda nessas operações de sacrifício. E joga-se o problema para a frente.