Acabou o Carnaval. E o MME, agora vai?
Maurício Corrêa, de Brasília —
Passado o Carnaval, a pergunta que paira no ar é a seguinte: e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, quando vai começar efetivamente a trabalhar? Fez muito pouco até agora para justificar a indicação.
Lá se vão 50 dias de gestão, não tem secretário-executivo, não tem agenda. Acontece pouquíssima coisa no MME.
Com certeza, pelo menos desde a época do ministro Aureliano Chaves, que é quando este editor começou a acompanhar a Pasta, nunca se viu tamanha desarticulação e tanto desprestígio de um ministério que é estratégico para o País.
Não seria exagero dizer que o início do Lula 3, nesse setor, é desastroso. Um exemplo: se você é um empresário e está interessado em conversar com um especialista do MME sobre o projeto de modernização do setor elétrico, esqueça. Não vai encontrar ninguém que possa lhe dar uma posição atualizada sobre o assunto.
Veja o que diz o relatório enviado pela Abraceel aos seus associados na véspera do Carnaval, após uma reunião com o secretário de Petróleo e Gás, que foi nomeado há poucos dias. “Aproveitando a reunião no Ministério, a Abraceel fez visita rápida ao novo secretário de Energia Elétrica, Gentil Nogueira, para desejar sucesso e se colocar à disposição para contribuir com as discussões da Secretaria. Temas como modernização do setor elétrico ainda não têm
uma área responsável…”.
E por aí vai. Este site já tocou neste assunto várias vezes e não gostaria que este posicionamento fosse entendido como uma campanha contra o ministro do MME, pois não é. O que não pode acontecer é ficar indiferente diante do que está acontecendo na Pasta.
De repente, pode ser que o objetivo do Governo é este mesmo, de mostrar que o MME não tem qualquer importância e talvez seria interessante fazer com que a Pasta deixasse de existir. Já foi feito antes, no Governo Collor, que acabou com os ministérios de Minas e Energia, das Comunicações e dos Transportes, criando um Ministério da Infraestrutura, que foi entregue ao coronel Ozíres Silva, que fez tudo na Força Aérea e foi um dos criadores da Embraer.
Com o fim do Governo Collor, seu sucessor Itamar Franco, desmontou o Ministério da Infraestrutura e voltaram a existir os três ministérios anteriores, pois Itamar tinha necessidade de arranjar Pastas para os seus apoiadores.
Esse detalhe de um passado não táo distante assim está sendo mencionado, pois o Governo até agora não disse o que pretende fazer com o MME. Pode estar querendo fechar o MME e está meio envergonhado. Ninguém sabe, nem o próprio titular do ministério.
É lamentável ver tudo isso acontecer.