Silveira não é um moleque
Maurício Corrêa, de Brasília —
Quem teve a oportunidade de ver a entrevista exclusiva que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, deu ao site “Metrópoles” pode concluir tranquilamente que o Partido dos Trabalhadores não perdeu a sua mania de hegemonia e que gosta de pisar no pescoço mesmo daqueles que pertencem à coalizão de apoio ao Governo, mas não rezam pela cartilha do partido.
A arrogância de Gleisi Hoffmann no tratamento ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, chega a ser desrespeitosa. Este site discorda de várias situações que envolvem Silveira, como já mostrou em inúmeras oportunidades, mas não pode deixar de registrar o desrespeito e a arrogância como o ministro foi tratado, na entrevista, pela presidente do PT.
Silveira não é um moleque. Pode-se discordar dele em tudo, mas é um político decente, ex-senador da República. Na hora de dar apoio ao candidato Lula, em Minas Gerais, na fase da campanha, ele era importante para o PT, pois Lula precisava desesperadamente ganhar a eleição e Minas Gerais era um estado decisivo.
Agora que Lula já é presidente e Gleisi manda e desmanda, Silveira já não tem tanta importância assim e, se quiser continuar no ministério, tem que aprender a engolir diariamente os sapos que o PT enfia pela goela abaixo dele.
Modo muito estranho de fazer política. Não custa nada lembrar que esse sempre foi o modo de operar do PT, um partido que tem enorme dificuldade para trabalhar em harmonia com aqueles que não são petistas, mesmo trabalhando dentro de um Governo em que o PT é o maior partido da base.
Essa história não costuma acabar bem. E o que aconteceu com a dona Dilma é uma prova disso. Poderia ser um bom exemplo para o stalinismo que existe no alto comando do PT. Os políticos não-petistas vão engolindo sapos, vão engolindo, e numa hora dizem: “Acabou. Agora não tem mais”.
Já passou da hora de o PT aprender que não se faz política sozinho. Isso vale também para o que acontece em relação ao MME.