Silveira dá a volta por cima e indica Efrain
Maurício Corrêa, de Brasília —
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, encerra a semana como um vitorioso político, nessa colcha de retalhos que é o governo do presidente Lula, onde o que não falta é fogo amigo dentro da própria trincheira. Enfim, a política não é para amadores.
No outro lado, dos perdedores, estão as lideranças petistas — presidente do partido, Gleisi Hoffmann à frente, mas também ministro Rui Costa, da Casa Civil — que trabalharam fortemente contra o ministro de Minas e Energia nestes quase três meses de início do Lula 3.
Enfim, livre das amarras da ortodoxia petista, só agora Silveira poderá dizer que está iniciando efetivamente a sua gestão, ao confirmar a indicação de Efrain Cruz para o estratégico cargo de secretário-executivo do MME.
O que aconteceu no MME, neste período, foi totalmente incomum. Nenhum ministro ficou tanto tempo sem ter ao seu lado o fiel escudeiro, que é o secretário-executivo. Silveira não passou recibo. Ficou na dele, apenas se desviando dos mísseis que o PT disparou diariamente na forma de não aceitação de nomes indicados pelo ministro para a Secex. Ele sabia que a sua permanência no governo dependia antes de tudo dos votos que o seu partido pode oferecer ao PT no Congresso Nacional.
Agora vai depender apenas de Cruz, um nome que já ocupou diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e, portanto, conhece tecnicamente a área. Silveira já não está sozinho.
Entre as críticas que o partido majoritário da coalizão faz a Efrain Cruz é que seria muito ligado politicamente ao senador Marcos Rogério, do PL de Rondônia, notório bolsonarista. Por ilação, Cruz também entrou na sacola do bolsonarismo. Nesse contexto, a sua indicação surpreende muita gente.
De qualquer forma, é uma vitória pessoal de Silveira arrancar a aprovação de Efrain Cruz e deve ser devidamente saboreada pelo grupo político vinculado ao ministro, entre os quais está o senador Rodrigo Pacheco, também de Minas Gerais, a terra do ministro.
Uma outra questão que também dá um gostinho de vitória ao ministro de Minas e Energia e não pode deixar de ser mencionada foi a presença do presidente Lula e do vice Geraldo Alckmin na reunião desta sexta-feira, em Brasília, do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Ambos foram à sede do MME e participaram presencialmente da reunião. A política também é feita através de sinais e esse é um sinal poderoso, que mostra entrosamento do ministro em relação ao núcleo do Poder e desfaz todas as intrigas feitas nos últimos dias, que, inclusive, davam conta da substituição do ministro de Minas e Energia por nomes mais ligados a Gleisi Hoffmann.