Processo contra Edvaldo é arquivado
Maurício Corrêa, de Brasília —
No dia 22 de novembro de 2019, o engenheiro Edvaldo Alves de Santana participava de um evento do setor elétrico, nas imediações de Salvador, na Bahia, quando ficou sabendo pelo síndico do prédio onde mora, em Brasília, que a polícia, portadora de um mandado judicial, queria fazer uma busca e apreensão de documentos em sua casa.
Seu mundo veio abaixo. Largou o evento e voltou imediatamente para Brasília, com a reputação destruída e submetido à humilhação pública. Foi aquele espalhafato de sempre, em que as pessoas já são condenadas pelo sensacionalismo das autoridades (e de parte da própria mídia) antes que os fatos sejam avaliados.
Este site, na época, tratou o assunto profissionalmente e limitou-se a editar duas matérias produzidas por uma agência noticiosa que é fornecedora de conteúdo jornalístico ao Paranoá Energia. Tratava-se de um ex-diretor da Aneel e era impossível ignorar os fatos.
A primeira matéria dava a versão do juiz que autorizou a busca e apreensão de documentos e a segunda trazia a versão e o sentimento do próprio Edvaldo.
Neste dia 13 de abril de 2023, o processo foi simplesmente arquivado pelas autoridades judiciais.”Reputação destruída e humilhação foi o que passei em 1.238 dias”, argumenta o consultor numa rede social, quando lembra os acontecimentos de 2019.
“A operação era ampla. Envolvia mais de 60% dos diretores que passaram ou ainda estavam na Aneel. Palavras duras contra todos. Mas Edvaldo foi o humilhado. Talvez a galeria de fotos de explique porque foi assim. Foram 1.238 dias de vergonha. Quase 1.000 sem informações. Também para Luísa, minha mulher, citada no processo”, lembra na rede social.
”Minha mãe faleceu há 60 dias. Não soube do arquivamento do processo. São irreparáveis os danos morais. Mas não perderei tempo com pedido de reparação. Usarei meu tempo como sempre, com coisas produtivas, que contribuam. Mas lutarei muito contra a injustiça e a desigualdade”, salientou.
Num país onde não faltam desigualdade social e intolerância racial, Edvaldo Santana é um exemplo de uma vida de luta e dedicação. Foi sargento de Infantaria do Exército e, à noite, fez o curso de Engenharia Elétrica. Tornou-se professor concursado numa universidade federal, fez mestrado e doutorado. Foi diretor da Aneel, executivo de empresas e associações do setor elétrico. É um consultor reconhecido.
Tudo isso num mundo branco, elitizado, onde negros que se destacam como ele não são muitos e quase sempre aparecem em posições subalternas.
Este editor faz absoluta questão de abrir este espaço para informar aos leitores do site Paranoá Energia sobre o arquivamento do processo, que, evidentemente, ocorre de forma discreta e sem o aparato espalhafatoso de 2019.
Parabéns, Edvaldo. Não se sinta humilhado. Todos que o conhecem nunca duvidaram da injustiça que estava sendo cometida em 2019.