O modelo atual é um Belo Antônio
Maurício Corrêa, de Brasília —
Os textos do “Paranoá Energia” sobre o modelo atual de formação de preços da energia elétrica têm tido grande repercussão. Este site é bem pequeno. Um dos menores que existem por aí na modalidade, mas algumas pessoas perdem tempo de ler e outros até entram em contato com o idoso que o edita.
Muita gente qualificada tem procurado o “Paranoá Energia”. São preocupações com as opiniões deste editor. Alguns concordam, outros discordam. Isso é muito bom porque mostra que a mídia está cumprindo o seu papel de expor determinadas situações e motivar as manifestações dos leitores.
Aqui é uma Casa democrática e todos podem ficar à vontade, inclusive aqueles que desejam baixar o porrete neste editor.
Alguns defensores do modelo ficam tão emocionados, que parecem às vezes tratar de algo um tanto messiânico, de caráter religioso. Isso é meio preocupante, pois é um enfoque equivocado. Preço de energia elétrica não deve ser elevado à categoria de religião, embora ultimamente muitos consumidores digam “Deus Pai” quando recebem as contas de luz.
Falando racionalmente, um fato que precisa ser avaliado é que, em relação ao modelo da Operação, talvez haveria apenas alguns ajustes estruturais a fazer. Ninguém duvida que o Brasil é muito bom na Operação do setor elétrico e que nesse quesito somos professores para o restante do planeta.
Entretanto, o que deve ser radicalmente repensado é o modelo da formação de preços da energia elétrica, pois esse negócio de fazer preços através de programas computacionais é uma espécie de Belo Antônio. É bonito, mas não funciona. Quem não entendeu a brincadeira, entre no Google e leia sobre o filme ítalo-francês de 1960.
Simplesmente é impossível pensar em expansão do mercado livre até os consumidores residenciais, como querem os comercializadores, formando preços com essa sacanagem chamada programas computadorizados.
Logicamente, não é sacanagem no sentido de ladroagem, nada disso. O site “Paranoá Energia” não está atacando a honra de ninguém. Mas sacanagem da boa, no sentido da avacalhação, da falta de seriedade. Isso não passa de uma brincadeira tecnológica para criar uma fantasia de modernidade quando na prática está todo mundo perdido, com medo de tomar a decisão radical de acabar com esse modelo falido.
Alguém disse que este editor deveria parar de fazer críticas e apresentar uma proposta. A proposta é esta: chega de preços formados por programas de computadores. Simples assim. Que os agentes (geradores e comercializadores) voltem à pré-história das atividades mercantis e simplesmente aprendam a fazer preços. Que saibam comprar e saibam vender. E estamos conversados.