Zema não está enrolando com a Cemig
Maurício Corrêa, de Brasília —
No dia 13 de agosto, o site “Paranoá Energia”, na seção “O que se diz”, deu uma sapecada de leve no governador Romeu Zema, de Minas Gerais, com a nota “E aí, Zema? Vai continuar enrolando na Cemig?”. O texto dizia respeito à privatização da paranaense Copel.
Agora, chegou a hora de elogiar o governador de Minas Gerais, que enviou mensagem à Assembleia Legislativa estadual, na qual propõe a flexibilização das leis mineiras visando à privatização não apenas da Cemig, mas, também, da Copasa.
O governador encaminhou Proposta de Emenda à Constituição (PEC) estadual que acaba com a necessidade de referendo para a venda de empresas de serviços públicos, o que atinge a Cemig e a Copasa. Além de acabar com a participação popular direta, a mensagem do Executivo mineiro também propõe a mudança do número de votos necessários para a aprovação de projeto nesse sentido entre os deputados estaduais.
Pela regra atual, é necessário que 46, dos 77 deputados mineiros, aprovem a venda das empresas. Se a PEC de Zema for aprovada, esse quórum cairia para 39 votos. Segundo o governador de Minas Gerais, as regras atuais (aprovadas durante a gestão do ex-presidente Itamar Franco — um estatista militante, possuidor de visão atrasada dos anos 50 — ainda na condição de governador de Minas Gerais) dificultam a reestruturação do setor público.
Não será uma aprovação fácil. A classe política mineira sempre fez uso da Cemig e provavelmente a proposta de Zema encontrará muitas cascas de banana pela frente durante a tramitação na Assembleia Legislativa. Vai ser uma batalha, envolvendo ainda deputados federais, senadores e até ministros. Toda a classe política de Minas hoje em oposição a Zema quer faturar em cima da Cemig e da Copasa.
Qualquer que seja o rumo que a tramitação terá de agora em diante, o site “Paranoá Energia”, que filosoficamente é a favor de programas de privatização, aplaude a atitude do governador Romeu Zema. Ele está de parabéns, pois é uma atitude que revela coragem, mesmo considerando a enorme exploração política que haverá no estado por causa da proposta.
O governador certamente vai entrar numa máquina de moer carne, mas está fazendo o certo. Não tem qualquer sentido um estado quebrado como Minas Gerais posar nas fotografias como controlador de estatais ineficientes.