Apagão deixou consequências políticas
Maurício Corrêa, de Brasília —
Quem sabe ler as linhas e entrelinhas das coisas que acontecem diariamente no setor elétrico brasileiro garante que o apagão deixou como principal consequência um estresse no relacionamento entre o Ministério de Minas e Energia (MME) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
A razão seria a interpretação sobre o que aconteceu no dia 15 de agosto, quando grande parte do País ficou sem luz. O ONS, no seu papel, se limitou a tentar decifrar o apagão sob o aspecto técnico. O MME optou por um viés político, baseando-se em duas premissas que foram consideradas para lá de mirabolantes.
Na visão do ministério, o processo de privatização da Eletrobras teria sido uma das causas do apagão, que também teria tido a contribuição de sabotadores, provavelmente defensores do governo passado, que estariam tumultuando o Lula 3.
O ONS não viu nada disso e se apegou aos aspectos técnicos, principalmente o mais básico de todos. O setor elétrico trabalha com máquinas e máquinas, vale lembrar, eventualmente apresentam problemas. Ou seja, a hipótese mais trivial possível.
Como o ONS não encampou as verdades sobre o apagão engendradas pela máquina de propaganda do Lula 3, o ambiente aparentemente ficou hostil. Houve uma pressão danada sobre o ONS para acatar as teses de Brasília, mas o Operador preferiu o bom senso dos seus engenheiros.
Os próximos capítulos dessa divergência sáo aguardados com alguma ansiedade. É uma história que ficará mais clara quando, em algumas semanas, o ONS divulgar o relatório final sobre o apagão.